09 set, 2024 - 23:21 • Marisa Gonçalves , João Pedro Quesado
Entre os 1.350 médicos que terminaram a formação há meio ano, só 400 estão a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, o equivalente a menos de 30%. A queixa é da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que diz à Renascença haver irregularidades nos concursos realizados entretanto.
A FNAM acusa o Ministério da Saúde de alterar as regras, prejudicando, sobretudo, a colocação de clínicos de medicina geral e familiar, explica Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM.
"Transformaram os concursos, em vez de serem nacionais, onde os médicos eram rapidamente colocados, passaram a ser da responsabilidade de cada unidade local de saúde. E isto é pior e mais aflitivo na medicina geral e familiar", aponta a médica oncologista, que sublinha ainda "irregularidades nos próprios concursos".
"Tem havido vagas que abrem e depois fecham sem que os concursos sejam concluídos e sem que ninguém tenha sido colocado, e têm também apresentado aos colegas de medicina geral familiar alguns contratos que pressupõem trabalho em serviço de urgência a nível hospitalar, o que é uma ilegalidade", aponta Joana Bordalo e Sá.
A FNAM avisa que a situação de fecho de urgências pode agravar-se, uma vez que os médicos vão atingindo o limite das horas extraordinárias com o aproximar do fim do ano. Por isso, aconselha os profissionais a entregar escusas de responsabilidade, como forma de garantir a segurança de profissionais e utentes.
"Com isto, nós não conseguimos ter mais médicos no Serviço Nacional de Saúde e por isso é que as equipas estão cada vez mais reduzidas. Os médicos estão cada vez mais esgotados e a trabalhar em equipas cada vez mais desfalcadas", avisa Joana Bordalo e Sá, aconselhando os médicos "que sintam que estão a trabalhar sem as condições mínimas, quer de recursos humanos, quer em termos técnicos, que coloquem as escusas de responsabilidade para salvaguardarem não só a sua segurança, mas, acima de tudo, a segurança dos doentes".