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fuga de reclusos

Fuga de Vale de Judeus. Diretor da PJ avisa: "Esta gente tudo fará para continuar em liberdade"

08 set, 2024 - 11:02 • Raul Santos com Redação e Lusa

Responsáveis de vários organismos ligados à operação de "caça ao homem" dizem que vai demorar a obter resultados da operação e que “esta gente tudo fará para continuar em liberdade, inclusive o valor vida humana”.

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O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, chamou a atenção para a perigosidade dos reclusos que se evadiram da cadeia de Vale de Judeus.

"Esta gente tudo fará para continuar em liberdade", advertiu. "Eles tudo farão para se manter em liberdade e quando digo 'tudo' é mesmo tudo: o fator vida pode estar em causa”, reforçou o responsável da PJ, este domingo, durante uma conferência de imprensa que juntou altos responsáveis de vários organismos ligados à segurança, à investigação policial e ao sistema prisional.

O diretor nacional da PJ pediu para que “a população se abstenha de todo e qualquer ato de contacto com estas pessoas".

Destacando que, com a exceção de Shergili Farjiani, todos têm um histórico de violência. Trata-se de "gente muito perigosa" e com uma "enormíssima capacidade de mobilidade".

Luís Neves destacou ainda que a fuga foi "muito bem preparada".

"Dos nossos trabalhos que já levam 20 horas detetamos que todos os pormenores foram preparados ao mínimo detalhe", reforçou Luís Neves.

O responsável deixou ainda um alerta à população, para não interagir com os suspeitos e alertar as autoridades pelo 112 ou qualquer órgão de polícia criminal, caso os reconheçam.

"Operação complexa"

O responsável da PJ disse ainda que os resultados da operação em curso não serão imediatos, reforçando a ideia avançada logo de início da conferência de imprensa pelo secretário-geral adjunto do Sistema de Segurança Interna (SSI), Manuel Silva Vieira,

“A ideia de que pode haver resultados imediatos é falaciosa", advertiu.

"Esta investigação não é simples, é complexa. Não se deve esperar resultados imediatos". Ainda assim, sublinhou que esses resultados serão atingidos, "mas não com o grau de emergência que gostaríamos".

As autoridades estão a trabalhar em cooperação com autoridades internacionais, desde os primeiros momentos, para o caso de os fugitivos já não se encontrarem no nosso país.

Segundo Manuel Silva Vieira, não foi equacionada a hipótese de fechar fronteiras, por se considerar que tal medida seria desproporcionada, mas está a ser feito "um controlo fino" da circulação nas estradas pela PSP e GNR, que se materializa em uma maior intensidade de operações stop, neste caso "em zona em que se estima que os evadidos se possam dirigir".

"Turno normal" para um sábado

A fuga ficou registada no sistema de vigilância como tendo acontecido às 9h56 e foi oficialmente comunicada às autoridades 40 minutos depois de ter acontecido, num momento em que todos os presos regressavam às celas e se percebeu que faltavam cinco homens.

"A partir desse momento foram desencadeadas todas as ações. Neste momento está em curso uma investigação através do serviço de auditoria e de segurança para saber o que possa ter falhado", disse o diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), Rui Abrunhosa Gonçalves.

"Algo falhou, porque senão as pessoas não tinham fugido", reiterou.

Questionado sobre se estaria algum guarda a monitorizar as câmaras de vigilância da cadeia de Vale de Judeus, Rui Abrunhosa Gonçalves que essa é matéria ainda a ser apurada, mas há duas pessoas habitualmente com essa tarefa atribuída.

No estabelecimento prisional, estavam 33 efetivos da Guarda Prisional, "um turno normal para um estabelecimento com este número de reclusos", mas vamos ter de apurar internamente "o que facilitou" que isto acontecesse.

Vale dos Judeus tem um efetivo de 150 guardas prisionais, dos quais cerca de 15 se encontram ausentes de baixa por doença, e outros tantos de férias.

Quem são os evadidos?

Segundo avançou no sábado a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), uma avaliação preliminar, com recurso a imagens de videovigilância, aponta para uma fuga dos cinco homens pelas 10h00 "com ajuda externa através do lançamento de uma escada, que permitiu aos reclusos escalarem o muro e acederem ao exterior".

"Conforme o protocolo, foram feitas imediatamente comunicações devidas aos órgãos de política criminal com vista à recaptura dos evadidos", acrescentou o organismo em comunicado.

O Sistema de Segurança Interna (SSI) indicou também no sábado ter sido "agilizada a cooperação policial internacional" para a captura dos cinco reclusos que fugiram.

Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.

Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.

De acordo com a DGRSP, já foi aberto um processo de inquérito interno, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado pelo Ministério Público.

As autoridades ainda não conseguiram apurar a identidade dos três elementos externos que ajudaram à fuga.

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