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Greve

Há serviços do SNS que não conseguem contratar enfermeiros

02 set, 2024 - 07:35 • Teresa Almeida , João Malheiro

Arranca esta segunda-feira uma paralisação que vai afetar várias unidades de saúde dos grandes hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra.

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A Associação Sindical dos Enfermeiros Portugueses garante que há concursos que não têm qualquer vaga preenchida por falta de interesse dos enfermeiros. Nesta situação, estão as unidades de saúde local de São José e Santa Maria, em Lisboa.

É em Lisboa que mais se sente o desinteresse dos enfermeiros em trabalhar no SNS. Há unidades de saúde locais, na capital, que já não conseguem contratar enfermeiros. Segundo a Associação Sindical dos Enfermeiros Portugueses, as ULS dos hospitais de São José e Santa Maria, para além de não terem profissionais suficientes, também enfrentam o desinteresse pelos concursos para contratação de enfermeiros.

Em dia em que arranca uma greve dos enfermeiros por tempo indeterminado, à Renascença, Lúcia Leite, presidente da Associação Sindical dos Enfermeiros Portugueses, explica que “neste momento nós já temos uma carência de profissionais, há duas ULS de Lisboa, que se queixaram ambas da dificuldade de reter os profissionais enfermeiros nas instituições e de contratar. Os seus concursos, ficam vazios”.

Esta responsável aponta que os profissionais já não estão interessados em trabalhar nas condições oferecidas e deixa um conselho ao Governo dizendo que a situação que já é grave e pode piorar: “É bom que o Governo olhe para o problema, porque procurar médicos fora do país ainda é possível, mas enfermeiros não. Por isso, temos um problema grave, mais evidente em Lisboa”, esclarece.

Arranca esta segunda-feira uma paralisação que vai afetar várias unidades de saúde dos grandes hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra.

Consultas externas e exames vão ser os setores mais afetados. Os enfermeiros querem melhores condições de trabalho.

Os enfermeiros de Lisboa, Porto e Coimbra não trabalham duas horas de manhã e duas à tarde - das 9h30 às 11h30 e das 16h30 às 18h30.

Nos hospitais de São José e Santa Maria, em Lisboa, São João e Santo António no Porto e no Hospital de Coimbra não se vão realizar serviços em unidades de internamento de todas as especialidades médicas e cirúrgicas, consultas externas e serviços de imagiologia e outros de exames de diagnóstico e terapêutica.

Tratam-se de serviços para os quais faltam profissionais, conta Lúcia Leite.

“É para eles que queremos chamar a atenção, são serviços feitos com menos gente e que exigem muito trabalho por parte dos enfermeiros. São os serviços onde o nosso trabalho é fundamental e que não é reconhecido, não conta para a grande produção e por isso sem incentivos”, refere.

Lúcia Leite garante que há profissionais que saltam para outras áreas em que ganham o mesmo ou mais e não têm tanta dificultar em serem executadas.

E fazem-no logo nos primeiros dias em que começam a trabalhar: “Nós, neste momento, temos enfermeiros recém-formados, jovens que são contratados, são colocados em serviços de medicina destes hospitais centrais e que trabalham dois, três dias e vão embora. E porquê? Porque não aguentam o ambiente que é impossível de aguentar” diz Lúcia Leite que muitos deles se afastam da área de formação “vão trabalhar sobretudo para fora da área da profissão”.

Uma paralisação convocada pela Associação Sindical dos Enfermeiros Portugueses, que tem como objetivo mostrar ao Governo a necessidade de regressar à mesa das negociações. Para Lúcia Leite, o Governo não quer negociar e "está a fazer uma encenação, parou qualquer hipótese de negociação entre 1 de agosto e 12 de setembro e, portanto, não dá prioridade, nem se preocupa efetivamente com os problemas que os enfermeiros estão a atravessar".

De fora desta greve ficam os serviços de urgência e estão garantidos os serviços mínimos.

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