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Queda de helicóptero no Douro

Helicóptero "irreconhecível". "Violência do impacto foi bastante forte", diz comandante

31 ago, 2024 - 08:40 • Ana Fernandes Silva , Daniela Espírito Santo , Teresa Almeida , Miguel Marques Ribeiro com Lusa

Testemunho do piloto, o único sobrevivente do acidente deverá ser recolhido ainda neste sábado. Cinco militares da GNR morreram no acidente mais grave neste tipo de operações em Portugal.

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Lamego: Operação de busca após helicóptero ter caído no Douro. Foto: Paula Lima/Lusa
Lamego: Operação de busca após helicóptero ter caído no Douro. Foto: Paula Lima/Lusa
Lamego: Operação de busca após helicóptero ter caído no Douro. Foto: Paula Lima/Lusa
Lamego: Operação de busca após helicóptero ter caído no Douro. Foto: Paula Lima/Lusa
Douro. Helicóptero deve ser retirado ainda esta manhã. Foto: Ana Fernandes Silva/RR
Douro. Helicóptero deve ser retirado ainda esta manhã. Foto: Ana Fernandes Silva/RR

[Nota do editor: O corpo do quinto militar foi encontrado durante a tarde deste sábado]


As buscas pela quinta e última vítima da queda de um helicóptero no rio Douro foram retomadas este sábado pelas 07h30. O corpo foi encontrado durante a tarde.

A aeronave começou a ser removida este sábado pelas 10h00, enquanto foram retomadas as buscas subaquáticas, terrestres e aéreas.

Os destroços recolhidos serão transportados para Viseu para se efetuarem perícias que possam levar as autoridades a perceber "as causas que levaram o helicóptero a despenhar-se", confirma Rui Silva Lampreia, comandante das operações no terreno. Não há "caixa negra" neste tipo de aparelhos, mas alguns dados "serão extraídos pelas autoridades".

O testemunho do piloto também irá ser recolhido este sábado para ajudar a perceber "o que aconteceu", adianta Silva Lampreia.

Para a operação de retirada da aeronave, segundo o comandante, foi chamada uma empresa que trabalha em coordenação com os meios e que dispõe de uma plataforma com gruas "capazes de fazer esta remoção".

Num ponto da situação feito às 13h00, o comandante Rui Silva Lampreia confirmou que foram recolhidos "alguns pertences dos militares" nos destroços do aparelho, mas não tinha sido "detetado o corpo do militar desaparecido" - o que veio a acontecer horas depois.

O Almirante Gouveia e Melo também esteve no local e avançou que vão ser colocadas redes a jusante do local da queda do helicóptero, para funcionar como "uma barreira de retenção" que evite que o corpo possa ser arrastado para longe.

"Violência do impacto foi bastante forte". Aparelho ficou "irreconhecível"

"Vamos continuar as buscas. É um processo evolutivo. Só o tempo o dirá", afirma, adiantando que, no local, estão "duas centenas de operacionais, 15 embarcações e 40 viaturas". "Neste momento temos as capacidades necessárias e adequadas para dar resposta à situação. Temos equipas multidisciplinares para fazer estas buscas e vamos continuar de maneira contínua até ao por do sol", acrescenta.

As operações estão a ser feitas "com a máxima cautela" para garantir que "ninguém se magoa". Apesar de já terem passado mais de 24h horas, ainda se acalentam esperanças. "A esperança nunca deverá morrer e estamos altamente motivados para continuar as buscas", diz o comandante.

Apesar disso, e perante o estado dos destroços já recolhidos, o comandante não acredita que se tenha tratado de uma tentativa de amaragem, uma vez que "a violência do impacto foi bastante forte". A aeronave está destruída, "quase irreconhecível". "Se fosse uma amaragem iria permitir uma aterragem mais suave. As consequências seriam menos gravosas, com certeza. Face àquilo que já encontramos e às imagens que temos registadas, tudo indica que foi forte [o embate]", lamenta Silva Lampreia, que fala em "destruição total da aeronave".

Também as famílias de todos os envolvidos continuam a receber "apoio psicológico do INEM, Polícia Marítima e Câmara Municipal", assegura.

O helicóptero de combate a incêndios florestais caiu no rio Douro na sexta-feira, próximo da localidade de Samodães, Lamego, e transportava um piloto e uma equipa de cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPC) que regressavam de um fogo no concelho de Baião.

Até ao momento foram localizados os corpos de quatro militares da GNR, continuando desaparecido um outro elemento.

O piloto da aeronave foi resgatado com vida, apenas com ferimentos ligeiros.

No terreno estão esta manhã a decorrer buscas subaquáticas com oito equipas de mergulhadores de várias entidades, também terrestres com operacionais apeados nas margens do rio e há três drones a fazer trabalhos aéreos.

Não há "caixa negra". Testemunho do piloto será recolhido este sábado

"Estamos desta forma a cobrir as três dimensões: aérea, terrestre e subaquática", frisou Silva Lampreia.

Para criar melhores condições de trabalho, procedeu-se durante a noite a uma redução do caudal do Douro em articulação com as barragens existentes no rio.

Quanto à navegabilidade no rio Douro, Silva Lampreia referiu que a circulação "não vai ser totalmente interditada" e "vai evoluindo conforme as operações vão decorrendo".

"A nossa intenção é fechar uma das vias e apenas uma embarcação circular de cada vez para minimizar o número de embarcações a circular e que possam interferir com as operações. Se garantirmos as condições de segurança para que elas circulem vamos manter dessa forma, caso haja uma violação da segurança serão suspensas totalmente", esclareceu.

As causas do acidente ainda não são conhecidas.

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários tem uma equipa no terreno a investigar o acidente.

O helicóptero acidentado, do modelo AS350 -- Écureuil, é operado pela empresa HTA Helicópteros, sediada em Loulé, Algarve.

Dada a inexistência de uma "caixa negra" no aparelho, o testemunho do piloto, que deverá ser recolhido este sábado, acabará por ser decisivo.

Os militares têm entre os 29 e os 45 anos, três são naturais de Lamego, um de Moimenta da Beira e outro de Castro Daire, no distrito de Viseu.

A porta-voz da GNR, tenente-coronel Mafalda Almeida, disse que a Guarda mantém o acompanhamento às famílias dos militares que perderam a vida neste acidente.

"Neste momento estamos de luto, estamos em dor, não é só as famílias, a própria família da Guarda", referiu.

O ministro da Defesa visitou este sábado o local onde decorrem as operações. Numa curta declaração aos jornalistas, Nuno Melo deixou uma palavra de apoio às famílias enlutadas e enalteceu o trabalho dos 200 operacionais que se encontram a trabalhar no terreno.

Manifestando solidariedade com as vítimas, a Federação Portuguesa de Futebol decretou que será cumprido um minuto de silêncio antes dos jogos organizados pela instituição entre este sábado e a próxima segunda-feira.

A decisão abrange já o clássico Sporting CP - FC Porto, que se realiza este sábado, às 20h30.

[Notícia atualizada às 17h18 de 31 de agosto de 2024 - corpo do último militar da GNR foi encontrado]

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