29 ago, 2024 - 21:04 • Anabela Góis , Miguel Marques Ribeiro
A Direção-Geral da Saúde vai mudar a forma como as mulheres são convocadas para fazerem o rastreio ao cancro do colo do útero e as faixas etárias abrangidas, que passam a ser dos 30 aos 65 anos. As alterações à norma que regula este processo estão praticamente concluídas.
José Dinis Silva, diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, explica à Renascença que as mulheres vão passar a ser chamadas a fazer o rastreio através de mensagem SMS – tal como aconteceu para a vacinação da Covid-19 – e não ficam dependentes dos centros de saúde.
“Quando há mais de um milhão e meio de portugueses sem médico, se ancorássemos este rastreio nos médicos de família, estávamos arranjar um grande problema”, diz o especialista, que alerta que é exatamente por isso que nesta altura “as taxas de cobertura não passam ou dificilmente passam os 50%” .
A vacina é preventiva, não servindo para tratar a (...)
A outra mudança prevê que o rastreio ao cancro do colo do útero comece cinco anos mais tarde. Em vez de se iniciar aos 25 anos, como até aqui, começa aos 30 anos e vai abranger mulheres até aos 65 anos.
Uma mudança que se justifica pela elevada taxa de vacinação para o vírus do papiloma humano (HPV) nas faixas etárias abaixo dos 30.
De facto, explica o diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, “o cancro do colo do útero caiu abruptamente nas faixas etárias abaixo dos 30 anos e isto porque estas mulheres estão vacinadas para o HPV, que está na origem da esmagadora maioria destes cancros”.
“A vacina é altamente eficaz na sua prevenção e, portanto, a vacinação (que se iniciou 2008 com a administração de três doses às raparigas com 13 anos de idade) começa a dar frutos”, sublinha.
“Os resultados estão aí”, diz José Dinis Silva, e “por isso está na altura de direcionarmos os recursos para quem precisa mais e quem precisa mais são as mulheres entre os 30 e os 65 anos".