29 ago, 2024 - 07:00 • João Cunha
O número de incêndios diminuiu e 2024 pode ser o ano de menor área ardida de sempre em Portugal continental, mas é preciso "continuar alerta", defende o diretor do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, Domingos Xavier Viegas.
Entre 1 e 15 de agosto, houve em média menos 58% de incêndios rurais e menos 87% de área ardida, comparando com o mesmo período nos 10 anos anteriores, de acordo com o 4.º relatório provisório de incêndios rurais, do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Até meio de agosto deste ano, houve apenas 7.949 hectares de área ardida em Portugal continental. Em termos de comparação, no mesmo período de 2023 tinham ardido 27.770 hectares e em 2022 foram consumidos 91.730 hectares.
Em declarações à Renascença, Domingos Xavier Viegas, diretor do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, aponta duas possíveis causas para um menor número de incêndios florestais, este ano.
"Tivemos um período de chuvas extenso e prolongado, que foi até junho, e nestes meses de julho e agosto não temos tido períodos com dias de temperaturas muito altas ou com ondas de calor idênticas á de anos anteriores", sublinha o especialista.
Quanto à chuva, especificamente, teve dois efeitos benéficos. Por um lado, "favoreceu o crescimento de vegetação fina, e fez com que a humidade no solo fosse relativamente alta e não houvesse vegetação seca para arder", explica o diretor do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais.
Outra das possíveis causas para um menor número de incêndios prende-se com um aumento da perceção do risco, já que, "claramente, houve uma melhoria de todo o sistema de prevenção e sensibilização da população", para evitar comportamentos de risco " e assim reduzir o número de ignições".
Ainda assim, Domingos Xavier Viegas lembra que a época de incêndios pode estender-se, nos próximos meses.
"O período de Verão ainda não terminou e a época de incêndios pode estender-se, como tem acontecido noutros anos", não só em setembro mas inclusivamente em outubro. Por isso, "ainda temos de manter este estado de atenção e alerta", de forma a evitar males maiores, adverte o diretor do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais.