20 ago, 2024 - 23:39 • Lusa
A Madeira registou, até às 12h00 desta terça-feira, 4.392 hectares de área ardida, na sequência do incêndio que atinge a região desde quarta-feira, indicou o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC), António Nunes.
Em declarações à agência Lusa, António Nunes disse que, de acordo com os dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Copernicus), até às 12h00, arderam 4.392 hectares.
Na segunda-feira, o secretário regional da Proteção Civil, Pedro Ramos, referiu que o sistema europeu apontava para sete mil hectares ardidos desde o início do incêndio, salientando, no entanto, que eram projeções e que não eram da responsabilidade do executivo regional.
"No final destes incêndios vamos fazer o levantamento da área ardida", acrescentou então, indicando que serão também contabilizados outros prejuízos.
Hoje, o presidente do SRPC indicou que "talvez a confusão deriva de uma avaliação feita pelos limites externos da área ardida", explicando que, no interior dessa área, "existem muitas bolhas de vegetação que não arderam".
As chamas continuam em zonas inacessíveis ao comba(...)
O incêndio rural na Madeira deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol.
Questionado se mais um helicóptero para combate a incêndios seria útil à região - o SRPC já dispõe de um -, António Nunes reconheceu que "em determinadas ocasiões poderia ser uma mais-valia", mas realçou que "em 99% do tempo do ano inteiro um meio aéreo é mais do que suficiente".
"É evidente que termos mais um meio que possa dar uma resposta ocasional em determinadas alturas, a determinados eventos, pode ser sempre uma mais-valia, mas essas questões devem ser colocadas realmente a quem tem o poder de decisão para o fazer", acrescentou.
Na segunda-feira, questionado sobre essa possibilidade, o secretário com a tutela da Proteção Civil afirmou que o Estado devia "começar a olhar para a Madeira de uma forma diferente" e assegurar os custos de "dois helicópteros", reconhecendo que "seriam muito melhores para a Madeira".
Atualmente, o meio aéreo de que a região autónoma dispõe é custeado pelo Governo Regional.
Autarca de Câmara de Lobos ainda não sabe quando é(...)
António Nunes reiterou ainda que o Serviço Regional de Proteção Civil tem "feito tudo o que está ao seu alcance" para combater o fogo, considerando que estão a ser empenhados os meios necessários desde o início.
Sobre as críticas relativas ao Governo Regional ter aceitado tardiamente a ajuda da República, que no sábado enviou para a Madeira uma equipa com 76 elementos, o responsável insistiu que o incêndio "desenrolava-se em zonas de pouca ou nenhuma acessibilidade e inviabilizava a utilização desses meios".
"Trazermos para aqui para a Região Autónoma da Madeira mais alguém que viesse do continente, perdoem-me o termo, iriam ser meros espetadores de um espetáculo deprimente e que nada vinha ajudar à sua resolução", declarou.
A oposição na região tem criticado o que considera ser uma demora na aceitação, por parte do arquipélago, da ajuda disponibilizada pelo Estado para o combate às chamas.
Na sexta-feira à noite o executivo madeirense recusou um reforço proveniente do continente e no sábado reiterou a posição, mas recuou no mesmo dia.
O incêndio que lavra desde quarta-feira na Madeira continua hoje à noite a afetar os concelhos de Câmara de Lobos e Ponta do Sol, com o foco "mais preocupante" no Curral das Freiras, indicou a proteção civil, num balanço divulgado às 21h.
Na nota, o SRPC indica que nos "teatros de operações" do Curral das Freiras, no concelho de Câmara de Lobos, e no Paul da Serra/Lombada, no município da Ponta do Sol, estão 100 operacionais, apoiados por 20 veículos. O meio aéreo esteve também a operar durante o dia.
O SRPC adianta também que esta terça-feira registaram-se "três ocorrências envolvendo bombeiros, dois dos Açores e um do continente, que apresentaram sintomas relacionados com mal-estar e indisposição".
Os três bombeiros receberam assistência no local, tendo dois deles sido depois encaminhados pela equipa de saúde do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, segundo a proteção civil da Madeira.
Nestes sete dias de incêndio, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava.