15 ago, 2024 - 11:47 • André Rodrigues
Mais cursos de Medicina não resolvem o problema da falta de médicos em Portugal. Quem o defende é o vice-presidente da Federação Nacional de Médicos, esta quinta-feira. À Renascença, João Proença reage ao anúncio de Luís Montenegro para a criação de dois novos cursos de Medicina em Vila Real e em Évora, falando em demagogia.
"Há situações de distorções que, se o Governo e o ministério não perceberem que é esse o problema que faz com que isto não funcione... Não é criar demagogicamente quatro faculdades de Medicina que vai resolver o problema", começa por dizer.
"O problema que se põe é que temos muitos médicos que saíram do SNS. O que precisamos é valorizar as carreiras, os salários e as condições de trabalho para trazer os milhares de médicos que se formaram desde há três ou quatro anos e que saíram do serviço público de saúde", defende.
Já sobre o esforço pedido pelo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para evitar problemas nas urgências no final do ano, João Proença acusa António Gandra de Almeida de desconhecimento da realidade.
"Ele não percebe sequer como é que funcionam os hospitais públicos... A grande maioria dos hospitais está a fazer escalas de urgência de um dia para o outro. Deviam fazer com um mês, pelo menos, de antecedência. Isto só mostra que eles não têm capacidade organizativa", denuncia João Proença.
A criação das unidades locais de saúde não ajudou no processo, tornando-se uma "complicação". "Criou-se um clima de incapacidade de resolução de problemas pela concentração em vez de ser pela autonomização e pela regionalização", remata.