13 ago, 2024 - 08:58 • Jaime Dantas
Se costuma beber um café antes de ir para o trabalho, saiba que pode ter que pagar mais. O preço do café deve aumentar devido à crescente falta de matéria-prima e ao aumento da procura a nível mundial.
Para além da escassez de matéria-prima, causada pelas alterações climáticas, há também mais consumidores de café em locais onde tradicionalmente não existiam, como é o caso dos países asiáticos.
Segundo a secretária-geral da associação industrial e comercial do café, Cláudia Pimentel, existe ainda um "aumento do consumo da variedade robusta" - que costumava ser a mais barata - pelos países do norte da Europa e as "condicionantes a nível mundial com as guerras que têm vindo a ter impacto no transporte".
Há, no entanto, novos produtores a entrar no mercado. São eles de países que tiveram no passado um papel importante na indústria do café, mas que entretanto perderam relevância, como Angola e o Uganda. Apesar de positivo, isto não garante alterar o cenário de aumentos.
"Tem vindo a aumentar a produção desta segunda colheita em julho", explica Cláudia Pimentel, que acredita que isso "pode ajudar" a que "os preços voltem a regularizar-se", mas "ainda é cedo" para fazer essa previsão. "Também depende se o aumento do consumo continuar. Vamos ter aqui dois fatores que, por serem de sentidos antagónicos, podem não ser suficientes para se anular", argumenta.
A alteração ao preço final depende em grande parte dos fornecedores, que ainda não indicaram aos comerciantes quanto será o aumento, nem quando irá acontecer. Por isso, é difícil prever quão mais cara vai ficar a bebida, mas o melhor é mesmo começar a contar com isso.
Ouvidos pela Renascença, alguns donos de cafetarias em Vila Nova de Gaia queixam-se que os aumentos praticados não refletem a subida do preço que pagam ao fornecedor para "não afugentar mais os clientes".
"O consumidor já se sente bastante afligido com a economia, por isso toca-nos a nós desta vez segurar o barco por aí", defende Bruno Pires, que tem um estabelecimento na Avenida da República, uma das artérias mais movimentadas da cidade.
É isto mesmo que revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de uma variação dos preços residual de 0,26% nos restaurantes e cafés em junho. A variação relativamente a 2023 também está perto de zero.
O mesmo não sente Anabela Goulão, dona de um café na mesma rua, que admite ter sentido uma quebra na quantidade de café consumido, mas rejeita ter perdido clientes.
"O povo português, pelo café, acho que nunca deixa de tomar. Diminui no início, mas depois retoma o consumo", assegura.