10 jun, 2024 - 03:38 • Manuela Pires
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Nuno Melo, líder do CDS, tinha avisado que a noite das eleições europeias ia ser longa, mas muito interessante do ponto de vista político. E assim aconteceu.
A AD perdeu, mas o primeiro-ministro encontrou várias formas para dar a volta à derrota. Luís Montenegro reconhece que o resultado ficou aquém do esperado, mas “dá-nos muito, muito alento” para continuar a trabalhar. A Aliança Democrática mantém os 7 deputados que elegeu em 2019 (6 do PSD e 1 do CDS) mas consegue aumentar o número de votos. No discurso que fez, na noite eleitoral, Luis Montenegro sublinha ainda o facto de, à direita, a Iniciativa Liberal e o Chega elegerem, pela primeira vez, dois deputados cada um.
Mas o primeiro-ministro tinha uma carta na manga para apresentar esta noite, o apoio a uma possível candidatura de António Costa à presidência do Conselho Europeu.
Ao longo de toda a campanha, o cabeça de lista da AD nunca quis dar resposta a esta pergunta. Deu jeito, agora, ao primeiro-ministro anunciar o apoio “incondicional” do governo e dos deputados da AD a António Costa. Luís Montenegro justificou o anúncio para não criar um tabu, mas foi uma forma de “abafar” a derrota da Aliança Democrática.
A noite eleitoral da AD foi feita de silêncios, de espaços vazios à espera dos resultados que começaram a ser conhecidos só às 22h00. Desta vez poucos apoiantes permaneceram na sala e só ao fim da noite se encheu para ouvir os discursos do primeiro-ministro e de Sebastião Bugalho.
PS perde um deputado em relação às últimas eleiçõe(...)
Apesar da derrota, Luís Montenegro mantém o discurso que fez na noite de 10 de março sobre as condições de governabilidade. Garante que o Governo está disponível desde a primeira hora para dialogar e procurar consensos com todas as forças políticas, mas acusando o PS de não querer consensos com o executivo.
Questionado sobre as declarações do presidente do PS que pedia mais “humildade” ao PSD depois deste resultado. Luís Montenegro responde que vai continuar como até aqui, nada muda para o primeiro-ministro.
Montenegro volta a dizer que o Governo não esteve em campanha eleitoral durante estas duas semanas, mas sim a cumprir os compromissos e essa é uma tarefa para continuar.
Sebastião Bugalho, o cabeça de lista da AD que foi uma escolha surpresa de Luís Montenegro, assume “integralmente a responsabilidade pelo resultado” obtido nestas eleições.
O cabeça de lista que tinha colocado como objetivo chegar aos 29%, conseguiu mais dois pontos, felicitou Marta Temido pela vitória, mas disse que foi por "poucochinho".
“Foram cerca de 0,8% mais do que a AD. Alguém até poderia dizer que foi mesmo por poucochinho”, disse Sebastião Bugalho, referindo-se a uma expressão usada por António Costa para comentar o resultado das europeias na liderança de António José Seguro.