10 jun, 2024 - 14:45 • Salomé Esteves
Marta Temido foi a primeira mulher a vencer uma eleição, em Portugal. Mas, apesar de Pedro Nuno Santos ter dado os parabéns "a todas as mulheres portuguesas", há menos uma representante em Bruxelas. E da mesma maneira que a representação feminina caiu na Assembleia da República nestas eleições legislativas, as mulheres portuguesas também perderam terreno no Parlamento Europeu.
Em 2019, Portugal elegeu nove eurodeputadas. Nestas eleições europeias, serão oito as portuguesas no Parlamento Europeu. Em proporção, enquanto, em 2019, 43% dos 21 deputados eleitos eram mulheres, essa percentagem caiu, este ano, para 38%.
O Partido Socialista elegeu quatro mulheres em oito eurodeputados: Marta Temido, cabeça de lista, Ana Catarina Mendes, Carla Tavares e Isilda Gomes. Em 2019, foram também eleitas quatro mulheres pelo PS.
A Aliança Democrática (AD), elegeu duas mulheres em sete candidatos eleitos: Ana Miguel Pedroso e Lídia Pereira. Aliás, Lídia Pereira é a única pessoa que, dos 21 portugueses, se mantém no Parlamento Europeu entre mandatos.
Ao cumprir o objetivo de eleger dois eurodeputados, a Iniciativa Liberal garantiu um assento europeu para Ana Vasconcelos Martins.
Apesar de conseguir menos um mandato que os liberais, o Bloco de Esquerda permanece em Bruxelas com uma mulher: Catarina Martins. Esta é a terceira vez que o BE elege uma mulher em primeiro lugar, depois de Marisa Matias ter assumido o posto e sido eleita nas europeias de 2014 e de 2019.
O Chega e a CDU apenas elegeram homens. Se ambos tivessem conseguido mais um mandato, os próximos nomes na lista eram mulheres: Mariana Silvestre e Sandra Pereira, respetivamente.
O Livre e o PAN acabaram por não receber votos suficientes para eleger deputados. Mas também nestes partidos os cabeças de lista eram homens, Francisco Paupério e Pedro Fidalgo Marques. À semelhança dos dois partidos anteriores, também os números dois eram mulheres: Filipa Pinto, no Livre, e Tânia Madeira, no PAN.
As listas às eleições europeias também devem obedecer à lei da paridade, que determina que cada conjunto de candidatos devem garantir uma representação mínima de 40% de cada um dos sexos e não podem listar mais do que duas pessoas do mesmo sexo seguidas.
Contudo, a igualdade de representação entre os sexos nas listas não se traduz, forçosamente em números iguais de homens e mulheres eleitas para o Parlamento Europeu, como, aliás, também não aconteceu nas eleições legislativas de março.
Em 2019, Portugal foi o sexto país com melhor representação de género nos deputados eleitos entre os Estados Membros, com 43% de mulheres eleitas. E também estava acima da média europeia, que se fixou em 39,4%, e do total de eleitos para o PE, onde 41% de todos os deputados eleitos nos Estados-membros eram mulheres.
Das nove mulheres portuguesas eleitas em 2019, três renunciaram ao mandato. Maria da Graça Carvalho e Cláudia Monteiro de Aguiar abandonaram o grupo do PSD em abril de 2024. Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, renunciou um mês antes. Apenas duas destas três foram substituídas por mulheres: Vânia Neto entrou para o lugar de Maria da Graça Carvalho e Anabela Rodrigues assumiu o mandato de Marisa Matias.
No discurso de vitória de Pedro Nuno Santos na noite eleitoral, o líder do Partido Socialista (PS) notou que Marta Temido foi a primeira mulher a vencer uma campanha nacional. Antes dela, nenhuma mulher saiu vencedora, com a maioria dos votos, de um sufrágio universal em Portugal em nenhum ato eleitoral.
Maria de Lurdes Pintassilgo foi a primeira mulher primeira-ministra em Portugal quando, em 1979, recebeu o convite do então Presidente da República, Ramalho Eanes. O seu mandato acabou por durar apenas seis meses. Em 1986, quando se candidatou à Presidência da República, perdeu contra Mário Soares.
O ano de 1979 foi curiosamente o ano em que uma mulher foi eleita como presidente do Parlamento Europeu: Simone Veil assumiu o cargo entre 1979 e 1982, depois da primeira eleição por sufrágio para esse posto.
Nas mesmas eleições europeias, chegaram ao Parlamento Europeu 31 eurodeputadas, dos então nove Estados-membros, representando 15,9% do total de assentos. Essa percentagem tem vindo a crescer até 2019. Para 2024 ainda não há dados finais, porque faltam apurar os da Irlanda.