27 mai, 2024 - 08:00 • Luís Aresta
Nápoles, 1968.
A Itália apresenta-se nas meias-finais do Europeu frente ao mesmo adversário que a eliminara dois anos antes, no Campeonato do Mundo, a União Soviética, a primeira campeã europeia da história.
Italianos e soviéticos eram conhecidos por terem defesas bastante sólidas. Na baliza de Itália está o inesquecível Dino Zoff, na altura guarda-redes do Nápoles (jogava em casa, portanto...). As redes soviéticas estão à guarda de Yuri Pshenichnikov.
A meia-final não começa bem para os italianos, que aos cinco minutos perdem por lesão o médio ofensivo Gianni Rivera, ‘il bambino di oro’. Na altura não há permissão para substituições e a Itália fica obrigada a jogar reduzida a 10 unidades.
Era uma péssima notícia para o selecionador Ferruccio Valcareggi que, antes do encontro, dissera que a URSS "não era imbatível".
A lesão de Rivera reforça a tendência defensiva da ‘squadra azurra’ perante uma União Soviética que tinha como grande baixa Igor Chislenko, autor do golo que eliminara os italianos no Mundial de 1966.
Ao intervalo os soviéticos goleiam em pontapés de canto (seis, no total). Golos é que não há, nem na primeira parte, nem na segunda. Zero-zero é o resultado ao fim de 90 minutos disputados debaixo de uma intempérie.
O prolongamento não entra nesta história. Entra, sim, o árbitro alemão Kurt Tschenscher, que convida os dois capitães e um dirigente de cada seleção a descer ao balneário para decidir o vencedor por… moeda ao ar. O árbitro pega numa moeda antiga. Facchetti, defesa da Itália, escolhe “coroa” e faz a escolha acertada.
O capitão não perde tempo, sobe as escadas a correr e, ao reaparecer no relvado, os 70 mil italianos nas bancadas festejam a passagem à final onde viriam a ser campeões frente à Jugoslávia. Pouco importa que a moeda ao ar tenha estado metida no título.