14 mai, 2024 - 08:00 • Luís Aresta
Nem sempre quatro cabeças pensam melhor do que uma, mas a resposta da federação à saída de Otto Glória, a um ano do Europeu de 1984, viria a provar não ser uma má solução.
Em junho de 1983, o técnico brasileiro tinha-se metido num avião e regressado a casa, cansado da guerra fria entre Benfica e Porto e após duas derrotas pesadas da seleção nacional: 5-0, em Moscovo, frente à União Soviética e 4-0 em Coimbra, num particular ante o Brasil.
Com a criança nos braços e três finais pela frente na fase de apuramento, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Silva Resende, entrega o comando da seleção ao triunvirato de conselheiros que já acompanhava o técnico brasileiro: Fernando Cabrita, Toni (adjunto no Benfica) e António Morais (treinador do Porto).
Depois das comissões técnicas que haviam passado pelo Jamor nos primórdios da seleção, a solução não era inédita, mas visava agora gerir a tensão latente num grupo composto por nove jogadores do Porto e oito do Benfica, a que se juntavam Jordão do Sporting e os guarda-redes Vítor Damas (Portimonense) e Jorge Martins (Vitória de Setúbal).
Com mestria e contra as expectativas mais pessimistas, Portugal impõe derrotas à Finlândia, Polónia e União Soviética e garante a presença pela primeira vez numa fase final de um Europeu. José Augusto, que já integrava os quadros da federação, junta-se à equipa técnica e é com quatro treinadores que Portugal se apresenta em França com direito a canção oficial de apoio…
O resto da história é conhecida: a seleção surpreende a Europa do futebol, espalha perfume pelos estádios de Estrasburgo, Nantes e Marselha, onde Platini acaba de vez com o sonho da presença na final.