16 mai, 2024 - 08:00 • Luís Aresta
Alemanha, 1988. Marco van Basten apresenta-se no Campeonato da Europa depois de uma época marcada por lesões. O primeiro ano no Milan tinha sido frustrante, com 8 golos em 19 jogos, muito aquém dos 43 que na época anterior marcara pelo Ajax e que o tinham catapultado para Itália.
No primeiro jogo do Europeu, Rinus Michels entrega a titularidade a Bosman. Van Basten entra na segunda parte, mas não evita a derrota por 1-0, com a União Soviética de Valeriy Lobanovskiy. É sob pressão que a laranja mecânica entra no segundo jogo da fase de grupos. O adversário é a Inglaterra. Van Basten faz um hat-trick perfeito e garante a vitória por 3-1. No encontro seguinte, o ponta de lança de 23 anos volta a ser titular, mas fica em branco no triunfo sobre a Irlanda, um jogo que coloca os Países Baixos nas meias-finais.
Segue-se a Alemanha, o país organizador. Mais de 60 mil espectadores preenchem as bancadas do Volksparkstadion, em Hamburgo. A meia-final atinge o intervalo sem golos. É Lothar Matthäus quem desbloqueia o marcador, no início da segunda parte, de penálti. A Holanda reage ao golpe e é também da marca dos 11 metros que Ronald Koeman restabelece a igualdade.
O jogo aproxima-se do fim. Ao minuto 88, van Basten resolve. Os festejos após a meia-final são o maior ajuntamento público nos Países Baixos desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Vem aí o dia de todas as decisões. A 25 de junho de 88, o Estádio Olímpico de Munique acolhe a grande final, entre duas seleções que procuram o primeiro título europeu. Os Países Baixos reencontram a União Soviética, depois da derrota na estreia da fase de grupos. A final é pintada de laranja. Ruud Gullit faz o 1-0 na 1ª parte. A vantagem ao intervalo é o prelúdio do espetáculo que atinge o auge ao minuto 54. Numa entrevista à UEFA, Van Basten descreve o que se passou.
“A bola veio de Arnold Muhren e eu pensei: 'tenho duas opções, controlar a bola e tentar ultrapassar todos estes defesas ou escolher a solução mais fácil e arriscar o remate'. É preciso muita sorte num remate como aquele. Tudo correu bem”, confessou o avançado. O remate foi soberbo e passou como uma bala por cima da cabeça de Rinat Dasaev, descansando apenas nas suculentas redes da baliza soviética. É um dos golos mais especiais da história. Foi ‘aquele’ golo para muita gente...
A União Soviética perdeu assim a sua terceira final. Os Países Baixos vencem por 2-0, são campeões da Europa pela primeira vez e Marco van Basten deu um pontapé para a história.