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“Histórias do Europeu"

Fussballliebe: a bola do Euro, a tecnologia e Valdano. O episódio 2 de “Histórias do Europeu"

15 mai, 2024 - 08:00 • Luís Aresta

Neste segundo episódio, o jornalista Luís Aresta revela alguns segredos da bola que será usada no Euro2024. A Renascença conta-lhe as glórias e as desventuras dos Campeonatos da Europa de futebol. De 1960 aos dias de hoje… há de tudo: lendas, vitórias épicas, derrotas inesperadas, golos especiais e episódios memoráveis!

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A bola do Euro, a tecnologia e o nariz torcido de Valdano: o episódio 3 de “Histórias do Europeu"

Fussballliebe.

Se não sabe o que é, fique a saber que é o nome da bola que será utilizada durante o Euro2024. Em português significa “amor ao futebol”. “Fussballliebe” é uma palavra alemã, a condizer com o país que acolhe o Campeonato da Europa e com o fabricante alemão cuja marca deixo para que adivinhe... É um parceiro histórico da UEFA, vá.

Talvez não saiba que essa marca alemã de artigos de desporto, que está a fazer 75 anos, teve origem muito antes, em Herzogenaurach, na Baviera, quando Adolf Dassler (conhecido como "Adi"…e está quase tudo dito) começou a produzir os seus próprios sapatos desportivos na cozinha da casa da mãe, após ter regressado da Primeira Guerra Mundial. Coisa antiga, portanto.

Mas voltemos à “fussballliebe”, que é o que aqui nos traz e que vem acompanhada da tecnologia “connected ball”, já utilizada há dois anos no Mundial do Catar. É uma bola inteligente, equipada com um sensor alimentado por bateria recarregável, sensor esse que fornece informação sobre os seus movimentos sem que tal interfira com o desempenho dos jogadores.

Quem fica com a vida mais facilitada são os videoárbitros, que, com esta tecnologia, podem mais facilmente tomar decisões. Quinhentos dados por segundo permitem certamente detetar se um jogador tocou ou não na bola ou estabelecer um rigor milimétrico nos eternamente polémicos “fora-de-jogo”.

Quem não gosta nada disto é o antigo campeão do mundo Jorge Valdano, recentemente entrevistado pela Renascença em Madrid: “Convertemos um jogo métrico num jogo milimétrico. Vou um pouco mais além, com a segurança de que é uma batalha que tenho perdida: para mim, o futebol é todo o contrário da tecnologia”, defendeu.

E, angustiado, continuou: "O futebol é filho do seu tempo, um jogo selvagem, um jogo primitivo. Além disso, tenho o temor que a tecnologia, que é muito muito invasiva, acabe por apoderar-se do jogo. Não estamos muito longe de que isto seja arbitrado por um robô, que os algoritmos digam qual é tática que temos de usar no jogo seguinte. Isso vai acabar por ser outra maneira de robotizar os jogadores, tipos que não serão robôs mas que estarão robotizados”.

Valdano e uma paixão pelo futebol que nada tem a ver com o “amor” da ‘fussballliebe' sensorizada bem no epicentro dos 69 cm de diâmetro do poliuretano termocolado. Costuras à moda antiga é coisa que acabou há muito, mas, em contrapartida, há grafismos em baixo-relevo inspirados nas cores das 24 nações participantes no Euro2024.

O vermelho e verde de Portugal também lá estão. Esperemos que sejam inspiradores…

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