07 jun, 2024 - 10:42 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
“Há aqui um padrão preocupante. É o maior problema do regime”, diz o comentador da Renascença Henrique Raposo sobre as recentes buscas efetuadas no âmbito do Caso das Gémeas.
Apesar de os políticos afirmarem que é a justiça a funcionar, o comentador entende que “isto não é a justiça a funcionar, isto é a justiça a interferir diretamente e objetivamente na cara de toda a gente no processo democrático”.
Raposo lembra que no final do ano passado assistimos ao Ministério Público “a destruir dois governos democraticamente eleitos, sem apresentarem uma acusação remotamente sólida”.
“E agora, durante a campanha eleitoral para as europeias, onde está envolvida a Marta Temido, resolvem finalmente fazer as buscas do caso Gémeas e transformaram Lacerda, que era o secretário de Estado da Temido, em arguido”, atira.
No seu espaço de comentário na Renascença, Raposo diz que “é de propósito”, observando que “as polícias estão infiltradas pelo Chega, direta ou indiretamente”.
“O Ventura parece o Mário Nogueira dos polícias quando fala, parece o sindicalista dos polícias, da PSP e da GNR, mas é preciso subir um nível, o Ministério Público”, diz Raposo, questionando sobre qual é a relação.
“Eu quero saber como cidadão qual é a relação? Se há uma relação objetiva, direta, entre os procuradores e o Chega”, diz o comentador, vincando que “é evidente que o Ministério Público e a PJ estão a lançar sistematicamente, casos que depois não têm grande substância ou para lançar campanhas eleitorais ou sujando as campanhas eleitorais”.
Como é que se resolve o problema?
Henrique Raposo sugere que os partidos no Parlamento, ex-juízes jubilados, professores de direito, advogados se sentem de uma vez por todas à mesa e resolvam o problema porque -diz - “a nossa democracia está sempre a ser contaminada, torpedeada por causa de justiça”.
Referindo-se ainda à condenação de Salgado e Manuel Pinho, o comentador diz que quase ninguém deu por nada tendo em conta o tempo que decorreu entre a decisão judicial e os crimes cometidos.
“Há aqui qualquer coisa de sinistro na nossa justiça que impede uma vivência realmente democrática do Estado de direito que nós não temos”, remata.