08 ago, 2023 - 19:30 • Maria João Costa
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É com a voz embargada que Luísa Botelho atende o telefone. A proprietária do Turismo Rural Teima, em Vale Juncal, em São Teotónio, no concelho de Odemira chora o que viu hoje as chamas destruírem.
O monte que transformou em alojamento turístico sobreviveu a mais de dois dias de fogo próximo, mas a mudança do vento trouxe as chamas que consumiram "80%" deste turismo rural às portas da Rota Vicentina.
Em entrevista à Renascença, Luísa Botelho relata que teve de deixar a casa "pelas 13h00" devido à ameaça do fogo. "Pedi ajuda à GNR, Proteção Civil para os Bombeiros irem defender o meu turismo rural", mas do outro lado do telefone, lamenta Luísa, a resposta não chegou.
"Não apareceu ninguém! Arderam 80% das instalações", conta Luísa Botelho, que se prepara agora para cancelar todas as reservas que tem para esta época de verão.
Incêndio em Odemira e dois no distrito de Viseu, e(...)
Em tom angustiado, esta proprietária desabafa: "Como deve calcular estamos totalmente devastados". Luísa Botelho lamenta que "os bombeiros só apareceram às seis da tarde. Já aquilo tinha ardido!"
"Pura e simplesmente não fomos assistidos", afirma a proprietária do Teima, um turismo rural que já recebeu vários prémios. Além do Travellers Choice de 2021 da TripAdvisor, o Teima foi eleito Melhor Turismo Rural de Portugal em 2017 e Melhor Turismo Rural do Alentejo em 2019.
Com nove quartos, este alojamento com piscina tem também no monte um conjunto de burros, cabras e cavalos. Questionada sobre o que diria ao ministro da Administração Interna, que tutela os bombeiros, Luís Botelho é categórica: "Diria que há uma descoordenação total!"
"Fomos abandonados totalmente! Nós somos um turismo rural de referência nesta região, premiado por três vezes por excelência, e toda a gente se esqueceu de nós! pedimos socorro a todo o momento e ninguém se lembrou de nós. Simplesmente não foram lá."
"Não foi lá um bombeiro, até às seis da tarde", lamenta Luísa Botelho, que diz que "o ex-libris" do turismo rural, a casa principal, ficou destruído. A proprietária fala em mais de 700 mil euros de prejuízo.