05 mai, 2023 - 11:08 • Redação
A hipertensão pulmonar é uma doença silenciosa e pouco reconhecida. Em Portugal, estão referenciados apenas 300 casos, pelo que é considerada uma doença rara. Contudo, a probabilidade de este número se encontrar subestimado é muito grande.
"Apesar de ser considerada doença rara, estas 300 pessoas são aquelas que estão em tratamento nos nossos centros de referência, mas nós deduzimos que sejam muitas mais”, diz à Renascença Dulce Barbosa, da Associação Portuguesa de Hipertensão Pulmonar.
Na data que se assinala o Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar, Dulce Barbosa lembra que a doença é considerada uma patologia associada a outras doenças e o tratamento, muitas vezes, faz-seé para a “doença de base”.
A responsável da associação explica que a hipertensão pulmonar se divide em cinco grupos e apenas um deles “é potencialmente curável, que é a tromboembólica crónica”. “Todas as outras têm apenas tratamento”, acrescenta.
Existe uma variante da hipertensão pulmonar que não tem tratamento, e nesse caso, “essas pessoas acabam por andar à deriva e não ter o devido tratamento”.
A maior dificuldade no combate a esta doença acaba por ser, muitas vezes, o diagnóstico, porque os sintomas “são compatíveis” com várias outras doenças. “Pensa-se em tudo primeiro e a hipertensão pulmonar fica para o fim”, esclarece Dulce Barbosa. Isto acontece porque “mesmo os médicos de família não têm ainda muita informação sobre esta doença, para poderem pensar logo nela em primeira instância”.
Para diminuir o impacto desta falta de informação, a associação realiza várias campanhas de sensibilização, junto não só da comunidade médica, mas também da população.
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O slogan escolhido com alguma ironia, faz referência a um dos sintomas da hipertensão pulmonar, a falta de ar. O cansaço excessivo, mesmo em “tarefas da rotina diária, como falar, fazer a cama, pentear, comer”, o aparecimento de coloração azulada nos lábios e dedos, o inchaço das pernas, pés e, por vezes, da barriga, as dores no peito e, os desmaios devido ao cansaço, são os outros indícios de que se possa estar a padecer da doença.
A especialista defende que “sendo ou não derivada de outras doenças é importante que seja considerada doença crónica porque em termos de direitos abriria um maior leque de opções a todos os níveis”, referindo-se a “melhor qualidade de vida, melhor atendimento”.
Acrescenta, no entanto, que os hipertensos pulmonares têm acesso a uma rede de centros de referência de excelência com ótimos profissionais. Existem seis no país e estão localizados em Lisboa (3), Coimbra (1) e Porto (2).
A concentração destes espaços em apenas três zonas do país, implica que os doentes de outras regiões sejam acompanhados pela medicina interna dos locais onde residem, e apenas se deslocam aos centros em caso de necessidade de medicação específica.
“Estão diagnosticados cinco casos na Madeira, sendo que apenas duas vêm ao continente fazer este acompanhamento”, revela
E se “há 20 anos o prognóstico de sobrevida desta doença era, em média, de cinco anos, o que era bastante mau”, atualmente, e apesar das dificuldades que ainda enfrentam os doentes com hipertensão pulmonar, o cenário é bastante mais animador com um aumento substancial de sobrevida.
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