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Cuidados de saúde primários

Há cada vez mais casos de "burnout" nos enfermeiros dos centros de saúde

27 abr, 2023 - 09:43 • André Rodrigues

Horas extraordinárias não remuneradas, exigência cada vez maior dos utentes sem equipas ajustadas às necessidades estão a resultar num aumento das situações de cansaço extremo e desmotivação entre os enfermeiros dos cuidados de saúde primários. "Foi uma tendência que ficou do tempo da Covid: percebemos que a população ficou muito dependente dos nossos cuidados", reconhece Olga Pousa.

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A Associação Portuguesa dos Enfermeiros de Cuidados de Saúde Primários (APECSP) alerta para um aumento dos casos de burnout nos enfermeiros dos centros de saúde.

Em causa está o excesso de horas extraordinárias não remuneradas, a par com uma cada vez maior exigência dos utentes, sobretudo desde o período da pandemia.

“Foi uma tendência que ficou do tempo da Covid: percebemos que a população ficou muito dependente dos nossos cuidados. As pessoas estão muito mais exigentes e isso tem causado um aumento de trabalho e um aumento do cansaço por parte dos colegas”, reconhece Olga Pousa, em declarações à Renascença.

“Há colegas que fazem muitas horas extra que não são remuneradas”, e não são só em trabalho de cuidado aos doentes.

“Também fazemos muito trabalho administrativo e burocrático que, na verdade, também é muito importante para o bem-estar dos nossos utentes”, acrescenta Olga Pousa.

Perante este cenário, “é correto afirmar que estão a aumentar as situações de burnout” entre os profissionais que estão “cansados e muito desmotivados”.

Mais enfermeiros? "Nunca são demais"

O problema é que “as equipas não crescem na proporção das necessidades”, constata a presidente da APECSP.

“Há sempre falta de profissionais, nunca são demais, seja nas USF, seja nas Unidades de Cuidados na Comunidade”, mas a realidade difere em função da região do país.

“No Norte, não temos muitos utentes sem médico, mas, por exemplo, na zona Sul já temos muitos utentes sem médico, por isso aí se calhar, é necessário mais médicos, mais enfermeiros, para conseguirmos ter a população com uma equipa de saúde familiar completa”, conclui Olga Pousa.

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