Tempo
|
A+ / A-

“Não há solução à vista” para a paz Ucrânia, diz Germano Almeida

05 abr, 2023 - 08:19 • João Malheiro , Olímpia Mairos

O especialista em assuntos internacionais, que lança esta quarta-feira o livro “A Guerra Incomportável, considera que qualquer processo de paz que que não passe pela retirada das tropas russas, é uma paz miserável que premeia o agressor e admite a submissão do agredido”.

A+ / A-

O jornalista Germano Almeida apresenta esta quarta-feira, no Grémio Literário, em Lisboa, o livro “A Guerra Incomportável”, uma análise a como Vladimir Putin mudou a segurança e condicionou o futuro europeu, com a invasão à Ucrânia.

À Renascença, o especialista em assuntos internacionais diz que o conflito não é uma guerra como outras.

“Esta é uma guerra diferente das outras. Foi a maior guerra em espaço europeu desde a Segunda Guerra Mundial”, diz, destacando que “pela primeira vez nas últimas oito décadas um país invade outro país, tenta invadir na Europa sem razão aparente e ignorando fronteiras, acordos e tratados”.

No entender do jornalista, “à força bruta” Putin, “tentou recuar um século no direito Internacional, porque achávamos que no espaço europeu o quadro normativo saído da Segunda Guerra Mundial nos garantia um espaço de segurança que afinal, perante esta passada russa, não estava assim tão garantido”.

Germano Almeida considera que a entrada da Finlândia demonstra que a invasão à Ucrânia teve efeitos indesejáveis para Vladimir Putin.

“Aquilo que Putin supostamente alegou para o seu crime na Ucrânia era que sentia que a Rússia estava a ser ameaçada pela expansão da NATO. O que é que Putin com invasão da Ucrânia mostrou? Mostrou que esses países tinham razão em se sentir ameaçados pela Rússia, porque se a Ucrânia pudesse ter feito o que Polónia, os países bálticos, a Roménia, e outros países fizeram nos últimos anos de entrar para a NATO, se a Ucrânia também tivesse conseguido, certamente que não teria sido vítima agora disso”, explica.

Mais de um ano depois do conflito, especialista não acredita que um caminho para a paz esteja à vista.

“Não há solução à vista, sobretudo uma solução aceitável, ou seja, quando alguns atores começam a falar de paz, a China, outros países também de menor dimensão, ou até alguns responsáveis mundiais, a verdade é que até agora ainda não vi uma proposta séria de paz, porque qualquer proposta séria de paz implica a exigência de retirada de tropas russas da Ucrânia”, argumenta.

“Só a partir daí é que se pode começar a falar de paz. Qualquer processo de paz que não passe por aí é mais uma vez, um premiar do agressor, é inaceitável, é uma paz miserável que premeia o agressor e admite a submissão do agredido”, conclui.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Digo
    05 abr, 2023 Eu 13:58
    Evidente: não falando nas exigências russas pré-invasão - tratado formal de que a Ucrânia seria desmilitarizada e nunca membro da NATO, claro sem consultar a Ucrânia, e retirada da NATO para fronteiras de 1997 abandonando os Países que entraram para uma conquista russa - conseguir agora uma "Paz de plástico" à custa de cedências de território ucraniano, era não só premiar e incentivar os criminosos a repetirem a façanha, como roubar os Ucranianos, que andam há um ano a lutar, para que o resto da Europa não tenha de o fazer. Fora de causa, portanto.

Destaques V+