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Isabel Jonet: Medidas anunciadas pelo Governo "não passam de balões de oxigénio"

24 mar, 2023 - 22:55 • Tomás Anjinho Chagas

Presidente do Banco Alimentar "espera para ver" que produtos vão entrar para o cabaz alimentar isento de IVA e lamenta a "resposta muito paliativa" do executivo de António Costa.

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O Banco Alimentar Contra a Fome lamenta que as medidas anunciadas esta sexta-feira pelo Governo, para atenuar a subida de preços dos bens essenciais, sejam uma "resposta muito paliativa" e que não consigam apoiar as famílias a longo prazo.

O executivo anunciou a isenção de IVA num cabaz alimentar (ainda a definir), um apoio de 30 euros mensais para as famílias mais carenciadas, aumentos de 1% na função pública e aumentos no subsídio de alimentação para os trabalhadores do Estado.

Em declarações à Renascença, a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, sugere "benefícios ficais para dar vencimentos mais elevados" como potencial solução a longo prazo.

"Tudo o que vier para as famílias é bom, mas isto não passam de balões de oxigénio", aponta Isabel Jonet, que diagnostica "problemas graves no orçamento das famílias" em Portugal.

"Aquilo que o Governo faz é apenas ter uma resposta conjuntural, muito pontual, apenas paliativa e sem ter uma abrangência mais estrutural", lamenta a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome.

IVA zero: mas que produtos?

Sobre a isenção de IVA num cabaz de alimentos ainda a definir pelo executivo, Isabel Jonet "espera para ver" que leque de produtos são escolhidos. Mas mesmo assim, assinala que "noutros países" essa isenção não teve grandes efeitos nos preços finais.

"Aguardaria para ver qual é o cabaz definido, e por quanto tempo será implementada a medida", seca a presidente do Banco Alimentar, que destaca a forma igual com que os efeitos vão ser sentidos nas famílias, mesmo que as dificuldades não sejam proporcionais.

"Parece-me que esta é uma medida universal que vai beneficiar todos os consumidores, quando nós temos grandes diferenças na distribuição de rendimentos", atira Isabel Jonet, sugerindo que as medidas deveriam ser direcionadas para as pessoas em maiores dificuldades.

Mais pedidos de ajuda, menos doações

O Banco Alimentar Contra a Fome tem vindo a relatar um número crescente de pedidos de ajuda, e a tendência mantém-se. "Nós registamos mais pedidos de apoio alimentar, seja por parte de pessoas ou seja de instituições", admite Isabel Jonet. O aumento do preço dos alimentos e da energia explicam as dificuldades em ambos os casos.

Em simultâneo, há também uma diminuição das doações ao Banco Alimentar, precisamente porque aquilo que as pessoas gastavam em comida, dá para cada vez menos quantidade. "Como os produtos estão mais caros, o mesmo dinheiro compra menos produtos. E isso reflete-se no lado que nós podemos proporcionar", lamenta a presidente do Banco Alimentar.

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