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"Toda a vida é digna, por muito pequena, por muito frágil, por muito doente que possa ser"

18 mar, 2023 - 16:11 • Tomás Anjinho Chagas

Caminhada pela Vida arrancou este sábado à tarde em dez cidades do país. Federação Portuguesa pela Vida fala em "desorientação" dos deputados, numa altura em que o Parlamento se prepara para reapreciar o diploma da eutanásia.

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Largas dezenas de pessoas compareceram na Caminhada pela Vida em Lisboa, uma das oito caminhadas organizadas pela Federação Portuguesa pela Vida este sábado.

À Renascença, o responsável da organização, José Maria Seabra Duque, explica o que as pessoas saíram à rua "pelo amor aos bebés que ainda não nasceram, o amor às grávidas em dificuldade, aos doentes, aos idosos, no fundo, às vidas mais frágeis."

"Toda a vida é digna, por muito pequena, por muito frágil, por muito doente que possa ser", realça Seabra Duque.

Num momento em que o Parlamento se prepara para reapreciar o diploma da eutanásia, no final deste mês, o responsável da Federação Portuguesa pela Vida lamenta o que considera ser a teimosia dos deputados.

"Já perdi a conta. Eu penso que esta é a 15.ª versão [do diploma] da eutanásia que chega ao Parlamento. Já se percebeu que os senhores deputados estão um bocadinho desorientados, não conseguem fazer uma que passe no Tribunal Constitucional e, portanto, continuarão a tentar."

Seabra Duque tem "dúvidas" de que os representantes na Assembleia da República ouçam os apelos da Caminhada pela Vida: "Se não ouviram a Ordem dos Médicos, nem a Ordem dos Enfermeiros, nem o Conselho Nacional de Ética para a Ciência da Vida, nem por duas vezes o Tribunal Constitucional, temos dúvidas que nos oiçam a nós".

No local estiveram também presentes os deputados Jorge Galveias, Rita Matias e Pedro Frazão, do Chega, partido que tem votado sempre contra a despenalização da morte medicamente assistida.

“Pessoalmente sempre fui a todas as caminhadas. É um hábito de há muitos anos. Sempre fez parte de um dos meus estímulos políticos e das causas que sempre apoiei”, explica Pedro Frazão à Renascença.

“Por maioria de razão, era normal que eu lá estivesse enquanto deputado”, conclui este vice-presidente do Chega. “O Chega defende o direito à vida do início ao fim”, justifica Pedro Frazão a presença do partido nesta iniciativa.

Quanto à lei da eutanásia, que volta a ser apreciada no final deste mês de março, Pedro Frazão admite que o mais certo é que volte a ser confirmada.

“Deve ser aprovada. Não é o que queremos que aconteça, é o que infelizmente antevemos que venha a acontecer”, introduz o vice-presidente do Chega, que garante que vai voltar a bater à porta em Belém.

“Voltamos a apelar ao Sr. Presidente da República que não deixe a lei passar”, pede Pedro Frazão, que lamenta o facto de o país "não ter uma rede de cuidados continuados", e ainda assim insistir em despenalizar a morte medicamente assistida.

Paulo Núncio, um dos vice-presidentes do CDS, também marcou presença no evento. O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais espera que o projeto de lei da eutanásia volte a ser chumbada pelo Tribunal Constitucional

"Espero, se [o texto] vier a ser aprovado no Parlamento, que o Presidente da República envie novamente o diploma para o Tribunal Constitucional e que o Tribunal Constitucional, como fez no passado - e bem -, volte novamente a considerar que a legalização da eutanásia, ou seja, a legalização do homicídio a pedido viola princípios fundamentais da Constituição portuguesa e não deve vigorar na ordem jurídica em Portugal."

A Caminhada pela Vida está a decorrer um pouco por todo o país neste momento. Além de Lisboa, a Federação Portuguesa pela Vida conta com iniciativas no Porto, Braga, Guarda, Viseu, Aveiro, Évora, Coimbra, Santarém e Funchal.

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