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Reportagem

Falta de médicos. Autarcas da Lezíria do Tejo reúnem-se com ministro da Saúde

07 mar, 2023 - 07:51 • Teresa Paula Costa , Olímpia Mairos

O concelho da Golegã vai, ainda este semestre, ficar com apenas um médico de família para mais de cinco mil pessoas. Utentes e autarcas estão preocupados e sugerem incentivos para fixar os profissionais de saúde.

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A falta de médicos de família em todos os concelhos da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, leva os utentes a dirigirem-se, cada vez mais, aos hospitais de Santarém e Torres Novas que, em determinadas ocasiões, não conseguem dar vazão às urgências, porque também não têm médicos suficientes.

Conceição Contente tem 60 anos e até há um ano estava satisfeita com o atendimento no posto médico da Golegã, mas tudo mudou quando o seu médico de família se reformou.

“Tínhamos três, ficámos só com dois e neste momento, o doutor Barroso também está prestes a reformar-se, portanto, ficará só um”, conta à Renascença.

Apenas um médico para mais de cinco mil pessoas, uma situação que será insustentável, tendo em vista as dificuldades já sentidas.

“Não temos acesso a médico quando necessitamos mesmo para passar receitas de repetição. Eles coitados não conseguem dar resposta”, sinaliza esta utente que faz “medicação diária” e conta com o apoio do instituto de reumatologia, em Lisboa, onde se desloca de seis em seis meses.

“Era o médico de família que fazia a gestão de todo esse percurso. Agora, é quando calha ou quando posso ir a outro lado. Para arranjar consultas, nem pensar porque tem que se ir para lá de madrugada. Tenho meu trabalho e também não é fácil gerir toda esta situação. Muitas vezes temos que pagar para conseguir ter algum apoio”, lamenta.

Por isso, a educadora de infância pede ao Governo que dê incentivos aos médicos para que eles venham para o interior.

“Principalmente habitação”, sugere, referindo que “tivemos aqui um médico a estagiar que quer voltar mas que no centro de saúde onde ele está também não há”.

É preciso encontrar uma solução a bem ou a mal

A falta de assistência médica aos utentes é uma situação que acaba por agravar a sua situação de saúde, já que ela própria é geradora de insegurança e ansiedade e, por isso, preocupa o presidente da Câmara da Golegã, concelho que, ainda este semestre, vai ficar com apenas um médico de família para mais de cinco mil pessoas.

António Camilo diz que no “Hospital de Santarém, por vezes, nomeadamente aos fins de semana, existem uma série de constrangimentos e de diversas áreas, nomeadamente na medicina interna e na ortopedia que impedem, portanto, os utentes de se deslocarem” àquela unidade hospitalar.

“Os médicos não querem permanecer aqui, alguns não querem permanecer porque não têm qualquer tipo de incentivo. O Ministério da Saúde tem que arranjar incentivos para os médicos que se obtêm no interior, sei que é complicado, mas tem que haver aqui uma metodologia”, defende o autarca.

A falta de médicos leva os autarcas da região a reunirem-se, ao final da tarde desta terça-feira, com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro. A Comunidade pede a resolução do problema a bem ou a mal.

“Há que que encontrar formas de fixar estes profissionais de saúde. Obviamente, que eventualmente, com melhores condições salariais”, defende o presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo.

Pedro Ribeiro entende que “ou se encontra uma solução a bem ou se calhar o Estado tem que encontrar uma solução a mal”, dando como exemplo a “Força Aérea onde passou a passou a haver a obrigação de os pilotos terem de estar um conjunto de anos ao serviço”.

“Obviamente que isto não é aquilo que deve ser. O ideal, é nós conseguirmos todos chegar ao entendimento. Agora, enquanto país, não podemos andar a formar pessoas, essas pessoas custarem-nos a todos nós, centenas de milhares de euros e depois nós continuamos sem ter profissionais”, observa, realçando que “a solução é em primeira mão do ministério e as autarquias estarão disponíveis para ser parte da solução”.

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