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​Açores. 2022 foi o melhor ano turístico de sempre, mas há ilhas a velocidades diferentes

06 mar, 2023 - 21:54 • Ana Carrilho

As ilhas dos Açores são as únicas do mundo com selo de sustentabilidade e esse é um dos fatores que dá notoriedade acrescida ao arquipélago, que tem visto crescer o turismo nos últimos anos. Apesar de ter cada vez mais infraestruturas capazes de acolher os turistas, o desenvolvimento não anda à mesma velocidade nas nove ilhas.

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Fomentar a procura turística fora da época alta é um objetivo para quebrar a sazonalidade. “Porque os Açores são bonitos em qualquer época do ano e afinal, há sempre grandes chances de ter quatro estações num só dia”, refere Carlos Morais, presidente da associação Visit Azores, em entrevista à Renascença na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa.

Mais de um milhão de turistas, 3,2 milhões de dormidas, uma receita turística de 145 milhões de euros, mais 25% do que em 2019. “2022 foi o melhor ano turístico de sempre”, diz Carlos Morais, o ainda presidente da associação responsável pela promoção do turismo dos Açores. Ressalva, no entanto, que nem todas as ilhas cresceram à mesma velocidade. Santa Maria e a Graciosa tiveram um crescimento menos acentuado, mas as outras tiveram um bom desempenho.

A notoriedade dos Açores cresceu com a liberalização do espaço aéreo, a partir de 2015. Vieram as low-cost e mais companhias estrangeiras, algumas grandes, como a United Airlines e a British Airways. No ano passado, o número voos triplicou em relação a 2021.

Algumas companhias fazem as ligações só na época alta, outras como a United já estão a partir para o verão IATA (entre o fim de março e o final de outubro), embora nem sempre o façam completo.

“O que nós queríamos é que essas companhias voassem para os Açores todo o ano. Aliás, à semelhança do que faz a SATA (Azores Airlines) para Boston, Nova Iorque e Toronto. Depois da privatização, que vai ser feita este ano, logo se vê como fica”.

Mercado norte-americano cresce e já quase ultrapassa o alemão

Quase metade dos turistas que chegam ao Arquipélago são portugueses e o seu peso até já foi mais significativo. A nível internacional, o maior mercado é ainda o alemão, mas o americano está a crescer muito e, em breve, poderá assumir a liderança.

“Os mercados norte-americano e canadiano são os mais valiosos, pela receita turística que geram”, afirma Carlos Morais.

Além destes, os mercados emissores do Reino Unido, França e Espanha também são importantes. Bem como alguns mais pequenos, como o suíço, cujos turistas já podem chegar aos Açores com ligações diretas.

“Em termos de receitas, temos de sublinhar também a importante contribuição dos turistas nacionais", relembra Carlos Morais.

Falar da estadia média não é fácil, admite, mas aponta para cerca de 2,9 dias, salvaguardando que "cada ilha tenta que os turistas fiquem o maior número possível de dias”.

“Normalmente, quem vem aos Açores não quer ir apenas a uma ilha. Vem sete dias, fica três ou quatro em S. Miguel, dois ou três na Terceira ou no Pico. Os Açores têm de ser vividos, cada ilha tem a sua vivência e até no Corvo (a ilha mais pequena) ficar dois dias é muito melhor do que ficar só um.”

Açores têm atrativos todo o ano e não apenas em agosto

A acessibilidade ajudou os Açores a ganhar notoriedade internacional, mas o facto de ser um destino sustentável, com natureza, paisagens, cultura e gastronomia únicas, e de proporcionar uma enorme diversidade de atividades em terra e no mar, para todo o tipo de turistas, reforçou a sua atratividade. Por outro lado, há capacidade instalada de hotelaria, turismo e animação, suficientes para responder à procura.

Embora Carlos Morais faça questão de lembrar que “é preciso dizer às pessoas que também podem fugir ao mês de agosto" e que "os Açores também são bonitos noutros meses do ano e com preços muito mais atrativos".

"Podemos ter quatro estações num dia, mas o clima é muito ameno e as temperaturas nunca descem abaixo dos 10ºc", reitera.

Um dos objetivos das entidades de turismo açorianas é trabalhar para a quebra da sazonalidade. É cada vez menor, mas também varia conforme as ilhas. Em geral, é de quatro meses, entre dezembro e maio.

Reduzi-la ainda mais passa pela captação de turistas ou eventos para os meses de menor procura. “Por exemplo, os segmentos MICE (Reuniões, Incentivos, Convenções ou Congressos, Feiras e Exposições) ou das universidades sénior.”

“Embora a maior oferta de capacidade instalada esteja nas Ilhas de S. Miguel e Terceira e sejam as indicadas para receber eventos de grande dimensão, para outros, mais pequenos, a ideia é que possam decorrer nas outras ilhas”, diz Carlos Morais.

O presidente da Visit Azores refere também a promoção que deverá ser feita junto das universidades sénior, que existem por toda a Europa.

“Esses seniores têm disponibilidade de tempo e económica e estão ávidos de novas experiências que lhes poderemos proporcionar aqui nos Açores, de preferência fora da época alta.”

Carlos Morais é ainda o presidente da associação, mas vai ser substituído no cargo por Rosa Costa, Diretora Regional do Turismo dos Açores, que passa, assim, a acumular as duas funções.

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