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Saúde. Telemonitorização deixa idosos "mais seguros" e poupa dinheiro ao Estado

23 fev, 2023 - 06:10 • Teresa Paula Costa

Projeto piloto do Hospital de Avelar está a ser desenvolvido junto de idosos de seis concelhos do Pinhal Interior e já está a provar que a prevenção é uma aposta ganha.

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Em apenas quatro meses de execução, o “Saúde + Perto”, projeto de telemonitorização de doentes idosos implementado pelo Hospital de Avelar, no concelho de Ansião, já permitiu poupar dinheiro ao Estado.

Segundo dados revelados esta quinta-feira pela Fundação de Nossa Senhora da Guia, que tutela o hospital, o resultado é já muito positivo.

No âmbito do projeto, todos os dias, os idosos envolvidos fazem a medição de vários parâmetros que têm a ver com as suas doenças crónicas.

Segundo o enfermeiro José Pedro Costa, trata-se de “doentes diabéticos, com problemas cardíacos, insuficiência respiratória ou com multipatologia”.

A cada idoso foi entregue um kit composto por uma balança e medidores de tensão arterial, glicose e oxigénio, com os quais fazem a medição.

Esses valores são comunicados a uma sala de controlo informatizada, onde os enfermeiros veem se estão dentro dos valores normais. Se não estiverem, os enfermeiros contactam o idoso em questão e procuram saber o que poderá ter motivado a alteração. A solução pode passar por tomar a medicação em falta ou uma dose reforçada.

O paciente é sujeito a nova medição, até que os valores regressem ao normal, evitando, assim, a agudização da doença e a consequente deslocação ao centro de saúde ou urgência do hospital.

Sistema poupa custos ao Estado

Segundo revelou o coordenador do projeto à Renascença “destes 242 episódios de alerta, apenas sete deles implicaram intervenção médica e nenhum destes alertas originou uma ida às urgências”.

Segundo Luís Fareleiro, o objetivo do projeto é conseguir alcançar uma redução de 20% dos custos do recurso às urgências hospitalares centrais que, em média representaram 6,5ME, em 2019.

Para o administrador hospitalar, os resultados obtidos, embora preliminares, são “um sinal de esperança de que os valores até podem ultrapassar a poupança dos 20%”.

Idosos sentem-se mais “tranquilos” e “responsáveis”

Os 120 idosos que estão a participar no projeto parecem estar satisfeitos.

Ermelinda António, de 61 anos, diz que se sente “mais segura e tranquila” porque sabe “que está tudo bem”. Vivendo a 11 quilómetros do posto médico de Penela, já não tem de ir com tanta frequência às consultas, pois a tensão arterial, a diabetes e o peso são controlados em casa.

“Isto também nos obriga a ter um pouco mais de responsabilidade”, salienta a paciente.

O sistema funciona 24 horas por dia, operacionalizado por uma equipa de 10 pessoas, entre enfermeiros, médicos e técnicos de informática.


Segundo Luís Fareleiro, o objetivo do projeto é também verter nos sistemas de informação hospitalares e de cuidados primários a informação clínica decorrente desta monitorização.

O administrador lamenta que “muitas vezes o que acontece é uma evacuação imediata destes doentes diretamente para as urgências centrais”, sem “qualquer tipo de informação clínica ou, às vezes, com muito pouca informação clínica”, o que leva à permanência destes doentes durante longas horas nas urgências”.

Se a informação clínica decorrente desta monitorização constar da base de dados dos serviços hospitalares centrais, mais rapidamente o pessoal clínico terá acesso ao historial do doente, diminuindo, assim, o tempo de assistência.

Na opinião de Luís Fareleiro, este sistema é perfeito para hospitais de proximidade, pois evita o desnecessário recurso dos doentes aos hospitais.


Em junho, serão já 500 os idosos em monitorização, tanto no domicílio como em instituições.

Orçado em cerca de 400 mil euros, o projeto é financiado pelo programa Portugal Inovação Social, pela Fundação BPI/La Caixa, e pelos municípios da área de influência do hospital de Avelar, terminando em dezembro de 2024, numa parceria com a NOS e a Hope Care.

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