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Cancro. Nova norma quer facilitar acesso a rastreios

03 fev, 2023 - 07:17 • Anabela Góis , Daniela Espírito Santo

É uma nova estratégia para aumentar a taxa de adesão aos rastreios do cancro em Portugal.

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Cancro Foto: Eric Gallard/Reuters
Cancro Foto: Eric Gallard/Reuters
Cancro Foto: Edgard Garrido/Reuters
Cancro Foto: Edgard Garrido/Reuters
Cancro Foto: Jorge Cabrera/Reuters
Cancro Foto: Jorge Cabrera/Reuters

É uma nova estratégia para aumentar a taxa de adesão aos rastreios do cancro em Portugal: está a ser preparada uma nova norma, que está já nas mãos do ministro da Saúde, que facilite o acesso aos rastreios em todo o país.

A informação foi revelada à Renascença pelo diretor do Programa Nacional para as doenças oncológicas, José Dinis, no que em que se conhecem os dados do Censo de Recursos em Oncologia 2021.

Segundo avança José Dinis, o que se pretende é que haja uma estratégia única em todo o território nacional. Neste sentido, a Estratégia Nacional de Luta Contra o Cancro 2021-2030 traça objetivos alinhados com o que se faz em toda a Europa neste campo.

Os rastreios oncológicos são a forma mais eficaz de reduzir a mortalidade por cancro da mama, colorretal e do colo do útero mas, em Portugal, nem todos estão disponíveis para toda a gente e há disparidades. Por exemplo, o rastreio do cancro do cólon e do reto "quase 90% só existe na zona norte" do país.

"Há várias razões que explicam isto, uma delas tem a ver com diferentes implantações nas diferentes ARS, com metodologias diferentes, umas melhores, umas piores", explica. "Na região norte o rastreio do cólon retal é uma realidade e um programa de sucesso. Agora, tendo nós um sistema nacional executivo com uma direção única, o que vai acontecer é que é possível, com a nova norma que está a ser publicada, vamos ter uma estratégia nacional única de norte a sul do país, sem diferenças", adianta.

Quando é que isto vai acontecer? "A norma está a ser ultimada. Quando a norma ficar finalizada, o ministro dirá como é que ela vai ser implementada", remata.

Apesar de o cancro colorretal ser um dos mais frequentes em Portugal, no ano passado foram rastreadas pouco mais de 177 mil pessoas, menos 6,1% do que em 2019.

Relativamente ao cancro do colo do útero, os rastreios aumentaram 32,2% no ano passado em comparação com 2021. Foram rastreadas cerca de 322 mil mulheres. Ainda assim, e de acordo com José Dinis, os números ficam muito aquém do que seria desejável, até porque o rastreio, "tal como está neste momento", é um "rastreio oportunista". "A mulher, para ser rastreada, tem de frequentar o centro de saúde", lamenta, adiantando que, neste caso, a nova norma já está pronta e nas mãos do ministro da Saúde.

"A estratégia passa agora por fazer um convite universal", explica, dando o exemplo do que foi feito para a vacina da Covid-19: "as pessoas recebem uma sms ou uma carta, com hora marcada para se dirigirem à sua unidade de saúde para serem rastreadas". O que acontece neste momento é bem menos simples: é preciso marcar uma consulta no médico de família e, relembra José Dinis, "há um milhão de portugueses que não têm médico de família. "Duvido que alguém vá de madrugada para uma fila para uma consulta de recurso para fazer um rastreio", admite.

Boas notícias só no que se refere ao rastreio do cancro da mama que, no ano passado, chegou a todo o país. Nesse âmbito, José Dinis sublinha que muitas mulheres foram convidadas pela primeira vez a fazer uma mamografia. "Houve uma significativa parte da população a ser rastreada que foi convidada pela primeira vez".

"Disponibilizamos, no final do ano de 2022, o rastreio a 98% da população elegível", confirma. Neste campo, o programa de rastreio português "antecipou em três anos os objetivos da Comissão Europeia".

No ano passado foram feitas cerca de 391 mil mamografias de rastreio, mais 10% do que em 2021. Mas, apesar da nota positiva, a adesão a estes rastreios ronda os 50%. Jose Dinis, no entanto, acredita que o número vai aumentar.

"É assim no país e no resto da Europa: a taxa de adesão baixa sempre na primeira passagem", argumenta o especialista. "Na segunda passagem esperamos que se atinjam os 60 a 65% [de taxa de adesão], que são os valores considerados normais para um rastreio de base populacional", indica.

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