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Reformados inconformados pedem ajuda para comer

24 jan, 2023 - 19:37 • Filipa Ribeiro

Centenas de idosos saíram, esta terça-feira, à rua em todo o país. Em Lisboa, há quem precise da ajuda dos filhos para pagar renda e alimentação.

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Protesto de reformados e pensionistas contra o aumento do custo de vida em Lisboa. Foto: Filipa Ribeiro/RR
Protesto de reformados e pensionistas contra o aumento do custo de vida em Lisboa. Foto: Filipa Ribeiro/RR
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Apesar do frio, Joaquim Leocádio chegou cedo à Alameda Afonso Henriques, em Lisboa. Tem 80 anos, fez descontos durante 45 anos e a insatisfação com os valores das reformas, assim como a preocupação com os idosos do futuro, deram-lhe força apara sair à rua. De panfleto na mão, confessa que se não recebesse a ajuda da filha teria de roubar para comer. “Trabalhei 45 anos, a descontar, atrás de um balcão e ganho pouco mais de 500 euros de reforma. Pago 450 euros de renda e perguntam-me: Como é que sobrevive? E eu respondo: Com a ajuda da minha filha, que todos os dias antes de ir trabalhar me leva a casa as refeições”, conta.

À semelhança das dezenas de pensionistas e reformados que o acompanhavam no protesto, Joaquim Leocádio defende que os aumentos e as ajudas até agora aprovadas pelo Governo “não são nada”. Este ano, Joaquim recebeu um aumento de 10 euros, o que considera ser “uma ofensa a quem trabalhou a vida inteira”, acrescentou.

O aumento do custo de vida foi a principal razão para o protesto desta terça-feira que passou por todos os distritos do país.

Em Lisboa, as dezenas de idosos que, esta terça-feira, estiveram na Alameda Afonso Henriques pedem medidas para dar resposta ao aumento do custo de vida. Exigem um aumento de 60 euros em todas as pensões e, reconhecendo que o valor não é suficiente para garantir a comida na mesa, pedem ao governo que se defina um cabaz de bens essenciais com preços fixos, para que o pão e o leite não continuem a aumentar de preço. Também um médico e um enfermeiro por cada idoso é uma reivindicação dos participantes deste movimento, organizado pelo MURPI – Confederação Nacional de Reformados Pensionistas e Idosos.

Numa manifestação quase silenciosa, os pensionistas distribuíram panfletos, que alertam para as dificuldades, por todos os passavam naquela zona da cidade. O protesto terminou em silêncio em frente do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. A expectativa era encontrar a ministra, mas depois de poucos minutos a olhar para o edifício cinzento, as bandeiras foram guardadas e as luvas encaixadas na mão.

Agora, todos pensam no dia 9 de fevereiro, dia para o qual está marcada uma greve geral pela CGTP.

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