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Plataformas TVDE

Uber, Bolt e Free Now apostam em novas ofertas para pessoas com mobilidade reduzida

18 nov, 2022 - 11:52 • Redação

As três plataformas de transporte via apps a operar em Portugal têm apostado em categorias para pessoas portadoras de deficiência. Associação Portuguesa de Deficientes saúda avanços, mas aponta que "ainda há muitos constrangimentos".

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A empresa Bolt anunciou, no início da semana, a criação de uma categoria de acessibilidade especialmente direcionada para pessoas portadoras de deficiência motora, juntando-se às restantes plataformas TVDE na oferta de soluções a pessoas com mobilidade reduzida.

A realidade nas três empresas é semelhante, sendo a Uber a única a não garantir carros adaptados para o transporte destas pessoas.

A solução apresentada na segunda-feira pela Bolt foi desenvolvida durante vários meses com o apoio da Associação Portuguesa de Deficientes, que garantiu formação especializada aos motoristas dessa plataforma.

Na visão de Nuno Inácio, responsável de ride-hailing da Bolt em Portugal, "o mais importante para nós foi conseguir delinear a melhor estratégia para conseguirmos corresponder ao feedback dos nossos utilizadores".

O responsável da Bolt adianta que, "uma vez que nem todos os carros que podem operar enquanto TVDE, de acordo com a definição legislada, estão aptos a fornecer um transporte de qualidade a pessoas com mobilidade reduzida, tivemos de começar por aí".

Uber tem serviço há dois anos, mas sem carros adaptados

Bolt, Uber e Free Now são as três plataformas de Transporte Individual e Remunerado de Passageiros e Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica (TVDE) autorizadas a operar em Portugal.

A Bolt foi a última a apostar em soluções para pessoas com mobilidade reduzida, mas talvez por isso de uma forma mais completa, apostando em veículos adaptados ao transporte de cadeiras de rodas e outros equipamentos.

A Uber já tinha criado, em 2020, a categoria Uber Assist, em parceria com a Associação Salvador, com motoristas habilitados para o transporte de pessoas portadoras de deficiência, mas sem adaptações da frota disponível.

Para conduzir pessoas com mobilidade reduzida, os motoristas da Uber são apenas elegíveis se tiverem concretizado mais de 250 viagens com uma pontuação superior a 4,85; a partir daí, têm de realizar uma formação delineada em parceria com a associação, que pretende sensibilizar os condutores para a necessdades especiais de pessoas portadoras de deficiências físicas, intelectuais e até sensoriais.

Formação vai ser obrigatória para todos os motoristas da Free Now

Por último, a Free Now conta com uma categoria específica para pessoas com mobilidade reduzida, mas só em 2023 é que vai avançar com formação obrigatória para todos os motoristas.

Em declarações à Renascença, André Amaro, Marketing Manager da Free Now, dá o exemplo de outras empresas como a Uber que têm uma categoria com carros normais, mas com motoristas com formação específica.

A Free Now, indica por oposição, na “categoria de mobilidade reduzida apenas tem veículos específicos e com condições na viatura para cadeira de rodas e todos os equipamentos que sejam necessários”.

André Amaro admite que, “tendo em conta a dimensão geográfica que este serviço ocupa, nem sempre o serviço acaba por ser o desejado, pois não existem motoristas suficientes para a expansão geográfica e o tipo de pedidos”.

A Associação Portuguesa de Deficientes, através da sua presidente Gisela Valente, congratula-se por poder ajudar empresas como a Bolt a preparar conteúdo para a formação dos seus motoristas, pois “tudo o que seja para que as pessoas com deficiência vivam numa sociedade inclusiva nos agrada”.

"Há muitos constrangimentos", mas "vontade de inclusão é salutar"

Gisela Valente salienta à Renascença que as categorias que surgem nestas empresas permitem “assegurar às pessoas com mobilidade condicionada um serviço mais preparado, em princípio a pessoa quando faz o pedido aciona logo o motorista com a tal viatura com maiores dimensões”.

Para a presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, o problema do transporte de pessoas com mobilidade reduzida não pede resposta apenas no campo dos TVDE, mas também noutros tipos de transportes públicos.

Dá como exemplo os autocarros: no Porto, "por terem o piso rebaixado, há menos constrangimentos na deslocação das pessoas, enquanto que na Carris [em Lisboa] isso já não acontece".

Gisela Valente lamenta a existência destes constrangimentos a nível nacional, tanto com os transportes suburbanos como os turísticos, para além de o “as estações mais antigas do Metropolitano de Lisboa serem inacessíveis”.

“Os dados que vamos tendo são relativos aos nossos sócios que nos reportam, e o que se nota de facto é que as empresas, autarquias ou transportadoras estão a ter em consideração que existem estes casos e a querer abarcar todas as pessoas nas suas viaturas. Não é o ideal, sabemos que há muitos constrangimentos, mas é de salutar todas as empresas que, de facto, estão neste caminho da inclusão”, conclui a presidente da Associação.

Em Portugal, há mais de 40 mil motoristas de transporte individual e remunerado de passageiros a partir de apps (TVDE), de acordo com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes.

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  • Carlos Cunha
    18 nov, 2022 Lisboa 18:47
    Vejo que não é só nos TVDE ,lamento que as companhias de Seguros Automóvel , não tenham viaturas adaptadas , em substituição da nossa viatura adaptada, é obrigatório de Lei ter o automóvel assegurado com o pagamento em dia! Mas em caso da nossa viatura precisar de oficina ! A seguradora não tem viatura de substituição...

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