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Caos na urgência Penafiel. "Pessoas em macas ou sentadas no chão não são novidade", diz bastonária

14 nov, 2022 - 23:42 • André Rodrigues

Esta segunda-feira, mais de 60 pessoas esperaram por atendimento nas urgências do Hospital de Penafiel deitadas em macas ou sentadas no chão. Com a aproximação ao inverno, a tendência é para piorar: “vamos ter muito mais casos destes e vamos ter de fazer alguma coisa”, avisa Ana Rita Cavaco.

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As urgências do Hospital de Penafiel enfrentaram esta segunda-feira um cenário de sobrelotação, com dezenas de doentes a terem de esperar durante várias horas por uma consulta.

O cenário foi confirmado à Renascença pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros.

“Infelizmente, relatos de pessoas sentadas ou deitadas no chão, internadas em macas na urgência, não são novos”, diz Ana Rita Cavaco.

Na tarde desta segunda-feira, mais de 60 utentes tiveram de esperar por atendimento sentados no chão ou deitados em macas nos corredores das urgências.

“Ouvi, com muita atenção o que disse o presidente do Conselho de Administração [do CHTS], sobre os utentes que estão em maca na urgência, ou as crianças que estão internadas. Mas eu acho que ele nunca passou um dia ou dois internados numa maca na urgência.

Se o tivesse feito, percebia que é impossível, que não há dignidade, não há cuidados prestados e não há enfermeiros suficientes”, acrescenta a bastonária.

Inverno? “Vamos ter muito mais casos destes”

Para além de Penafiel, a bastonária da Ordem dos Enfemeiros diz ter conhecimento de situações semelhantes noutros hospitais do país.

“Santa Maria e Amadora-Sintra, por exemplo, têm tido dias muito difíceis nas urgências; o Hospital de Faro, como de costume: no serviço de urgência, tem sido muito difícil para os profissionais de saúde que lá trabalham conseguirem dar resposta. Se não temos enfermeiros suficientes para chegar sequer um copo de água às pessoas, como é que eu vou fazer para vigiar a vida delas?”, questiona Ana Rita Cavaco.

Com a aproximação ao Inverno, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros admite que a tendência é para piorar: “vamos ter muito mais casos destes e vamos ter de fazer alguma coisa”, avisa.

O problema, segundo Ana Rita Cavaco, está no financiamento dos hospitais.

No caso dos episódios de urgência, as unidades só são pagas se os utentes estiverem internados, pelo menos, durante 24 horas.

“De uma vez por todas, temos de deixar de ser hipócritas e passar a olhar para as pessoas como pessoas, porque pode calhar a qualquer um de nós. Tenho esperança no novo CEO do SNS, porque conhece esta realidade, sabe o que tem de ser feito e alguma coisa precisa mesmo de ser feita”, conclui.

A Renascença tentou contactar o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa [CHTS] para obter esclarecimentos adicionais, mas, até ao momento, ainda obteve uma resposta.

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