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Emergência climática

MAI diz não ter visto agressões da PSP a 'Ocupas' ambientalistas

14 nov, 2022 - 20:54 • Lusa

José Luís Carneiro lembra que a PSP "tem mecanismos próprios" para punir eventuais abusos por parte dos agentes.

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O ministro da Administração Interna disse esta segunda-feira que não viu imagens de alegadas agressões na intervenção da PSP para retirar manifestantes que ocuparam a Faculdade de Letras de Lisboa, mas lembrou que há mecanismos para punir eventuais abusos.

“Eu não vi essas imagens, não quero pronunciar-me sobre algo que não conheço. O que eu quero dizer é que a Polícia de Segurança Pública tem mecanismos próprios. Aliás, o Estado português tem a Inspeção-Geral da Administração Interna, que tem poderes autónomos de iniciativa. E eu confio, quer nas entidades inspetivas internas da Polícia de Segurança Pública, quer na própria Inspeção Geral da Administração Interna”, disse José Luís Carneiro.

“Queria também dar conta de que, efetivamente, a Polícia de Segurança Pública tem também alguns deveres constitucionais, que é garantir que as liberdades e o direito à manifestação se fazem no respeito pela liberdade dos outros. A PSP teve de intervir porque teve um pedido, feito por escrito, pela Reitoria da Universidade de Lisboa”, acrescentou o governante.

No sábado, a PSP disse em comunicado que “apenas foi utilizada a força estritamente necessária” para proceder à detenção de quatro ativistas climáticos “por desobediência à ordem de dispersão”.

"Inaceitável". Diretor da FLUL diz que não pode resolver reivindicações dos ativistas

O diretor da Faculdade de Letras de Lisboa explicou esta segunda-feira que a faculdade, como comunidade autónoma, não pode revolver as principais reivindicações dos ativistas do clima.

Na noite de sexta-feira, quatro ativistas foram detidos pela PSP na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) por recusarem a ordem de sair das instalações, onde três deles chegaram mesmo a colar as mãos ao chão, na sequência de uma semana de ocupações de várias escolas em protesto contra a continuação dos combustíveis fósseis e a pedir a demissão do ministro da Economia, António Costa e Silva.

Os estudantes e ativistas pelo clima acusam o ministro de não ter preconceitos em projetos de exploração de gás e por ter sido presidente de uma petrolífera.

Na carta enviada esta segunda-feira a professores, alunos e funcionários da instituição, o diretor da FLUL, Miguel Tamen, começa por recordar que durante a semana passada a instituição foi objeto de ações, descritas como de ocupação, por alguns ativistas ambientais (parte dos quais seus estudantes), cujas ações “perturbaram deliberadamente a realização de aulas, de avaliações, de eventos e a circulação nos espaços”, tendo a direção recebido “várias queixas de docentes, estudantes e funcionários”.

O responsável pela FLUL afirma que durante a semana passada a direção falou “muitas vezes com os ocupantes”, que “nunca recusou fazê-lo”, mas que “conversas foram sempre inconclusivas”, tendo em conta aquilo que era exigido à faculdade, e que os ocupantes se recusaram “a considerar sair antes de todas as suas exigências serem atendidas”.

Miguel Tamen diz ainda que na sexta-feira à tarde pediu à polícia que retirasse os ocupantes das instalações, solicitação essa que “tem apenas três ou quatro precedentes na escola nos últimos cinquenta anos”, sublinhando que “há uma diferença substancial, e bem-vinda, entre a polícia num estado de direito e a polícia numa ditadura”.

Miguel Tamen testemunha que “a força foi usada de modo proporcional e muito limitado”, vincando: “E foi usada para proteger a nossa autonomia e a nossa liberdade, no respeito estrito da lei”.

“A ideia de que uma comunidade autónoma como a faculdade possa ser ocupada desta maneira é para nós inaceitável”, defende o diretor da faculdade.

Jovens terrminaram todas as ocupações

Os jovens que nos últimos dias ocuparam diversas escolas de Lisboa em defesa do clima anunciaram hoje que as ações terminam esta noite e marcaram para terça-feira uma concentração, seguida de marcha, para o Ministério da Economia.

Na terça-feira, às 17:00, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, vai reunir-se no Ministério com jovens ativistas, que nas manifestações têm pedido o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e também sua demissão. Os jovens acusam António Costa Silva de ter dito que não tem preconceitos contra projetos de exploração de gás. .

Na noite de hoje, a porta-voz dos jovens, Alice Gato, disse à Lusa que os jovens decidiram acabar com todas as ocupações e concentrarem-se na terça-feira às 16:15 no Liceu Camões, de onde farão uma marcha até ao Largo Camões, perto do Ministério da Economia. .

Segundo Alice Gato, no final da reunião com o governante, serão anunciadas novas formas de luta. As ocupações continuam na próxima primavera dizem também os jovens em comunicado.

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