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Infeções respiratórias com aumento, mas pouco impacto na mortalidade

11 nov, 2022 - 13:36 • Lusa

Segundo a Direcção-Geral da Saúde, o aumento dos internamentos em enfermarias deve-se sobretudo a pessoas com mais de 65 anos, embora se comece a observar um aumento no grupo entre os 50 e 59 anos.

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Portugal regista um aumento de infeções respiratórias, semelhante ao período antes da pandemia, com reflexo na pressão sobre os serviços de saúde, mas com impacto reduzido na mortalidade, disse esta sexta-feira um investigador da Direção-Geral da Saúde.

Na sua intervenção na reunião de peritos para analisar a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal, que decorreu no Infarmed, em Lisboa, Pedro Pinto Leite reforçou a necessidade de “uma abordagem integrada da covid-19 com as outras infeções respiratórias víricas, nomeadamente a gripe e a infeção pelo Vírus Sincicial Respiratório”.

“Na época de outono/inverno ocorrem temperaturas baixas e um aumento da incidência de infeções respiratórias” disse Pedro Pinto Leite, advertindo que “a dinâmica da covid-19 pode ainda não se encontrar estabilizada” e ainda constitui uma emergência de saúde pública de âmbito Internacional.

Segundo Pedro Pinto Leite, tem-se observado “um ligeiro aumento” no número total de internamentos por covid-19, que sugere uma incidência com tendência crescente, mas com valores inferiores aos da última onda e com um padrão semelhante ao do ano passado.

Nos internamentos nas unidades de cuidados intensivos por covid-19, observa-se “uma estabilização”, também com valores inferiores ao da última onda e um padrão semelhante a 2021.

Verifica-se que o aumento dos internamentos em enfermarias deve-se sobretudo a pessoas com mais de 65 anos, mas recentemente tem vindo a observar-se um aumento no grupo entre os 50 e 59 anos.

Nas unidades de cuidados intensivos, há uma estabilização dos internamentos em todos os grupos etários, disse o especialista, acrescentando que esta estabilização também é encontrada na mortalidade por covid-19.

“Neste momento, a sete dias temos quatro óbitos por milhão de habitantes (…) muito abaixo dos 20 que tínhamos anteriormente que é o limiar definido pelo ECDC [Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças]”.

Relativamente ao Vírus Sincicial Respiratório, Pedro Pinto Leite disse, citando o último relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), que aumentaram recentemente os internamentos devido a esta doença em crianças abaixo dos dois anos.

“Este aumento é superior ao que é esperado para esta altura do ano”, observou, destacando que 43% dos internamentos são de crianças até aos três meses, 15% de prematuros e 14% de bebés com baixo peso, segundo dados desde outubro de 2021.

Aludindo à atividade gripal na Austrália, país referência para prever o que vai acontecer no inverno na Europa, o investigador alertou que é preciso “olhar com cautela” para a atividade gripal” este ano em Portugal.

Citando o boletim do INSA, apontou um aumento da atividade gripal em Portugal “aparentemente à custa do subtipo H3N2” semelhante ao observado no hemisfério sul, o que deixa “uma nota de alguma cautela para este ano”.

Perante esta realidade, Pedro Pinto Leite apelou para a vacinação para prevenir estas infeções respiratórias.

Disse ainda que a situação atual é caracterizada por um aumento de consultas de gripe e de outras infeções respiratórias, com um padrão semelhante ao que era na pré-pandemia.

Ao nível dos serviços de urgência, registou-se um aumento da proporção de episódios de urgência por síndroma gripal e outras infeções respiratórias mais recentes na última semana, ultrapassando os 10%.

“A mortalidade encontra-se dentro do esperado para altura do ano e, portanto, pelo que se entende que não há impacto neste momento pela dinâmica da transmissão da covid, da gripe, e de outro vírus respiratórios”, concluiu.

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