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Covid-19. Mesmo com chegada do tempo frio, não se antecipa "aumento preocupante" de casos

11 nov, 2022 - 09:13 • Anabela Góis

O matemático Óscar Felgueiras adianta que não há evidências de que alguma das novas variantes em curso e sob vigilância internacional "possa causar aqui um aumento súbito de casos como tivemos, por exemplo, no ano passado, com a Ómicron".

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No dia em que os especialistas voltam a reunir-se para um ponto da situação da Covid-19 em Portugal, numa reunião marcada para esta sexta-feira de manhã no Infarmed, o matemático Óscar Felgueiras, da Universidade do Porto, diz que é improvável que venhamos a assistir a um aumento exponencial do número de infeções por SARS-CoV-2.

Dada a baixa incidência da doença, com o número de infetados estável e num nível bastante baixo, as expectativas com a reunião desta manhã não se prendem com eventuais medidas restritivas.

Mesmo admitindo que o número de casos possa subir com a chegada do tempo frio, o especialista responsável pela matriz de risco que, durante largos meses, serviu de análise à evolução da pandemia não acredita que venha a ocorrer um aumento preocupante de infeções por Covid-19.

“Ao dia de hoje, de facto, tudo indica que estamos a ter uma certa estabilidade no número de casos e isso acaba por ser confirmado pelos números dos internamentos e de óbitos, os quais também têm apresentado alguma estabilidade", indica à Renascença.

"É natural que nas próximas semanas possa haver algum aumento, em todo o caso, ao dia de hoje, não há indícios de que esse aumento atinja um patamar de grande preocupação.”

Mesmo que o número de testes que servem de base a esta projeção não permitam mostrar a verdadeira realidade do país, Óscar Felgueiras diz que são suficientes para verificar a tendência e tirar conclusões sobre a evolução dos casos. E sendo assim, o matemático considera que não há qualquer risco de uma explosão de casos na comunidade.

"Uma eventual explosão de casos teria de ter sempre algum motivo subjacente por trás e, se olharmos para o passado, aquilo que tem motivado esse género de circunstância ou é uma diferença grande no comportamento da população, ou entramos numa altura, por exemplo, de temperaturas mais baixas que também tem influência, ou o surgimento de uma nova variante."

Quanto às novas variantes em circulação nos últimos tempos, que "têm sido acompanhadas internacionalmente, não existe, pelo menos ao dia de hoje, nenhuma evidência de que alguma delas possa causar aqui um aumento súbito de casos como tivemos, por exemplo, no ano passado, com o surgimento da variante Ómicron em Portugal", explica Óscar Felgueiras.

Já "ao nível, por exemplo, do comportamento da população, temos uma ausência de medidas restritivas, o que não se passava no ano passado ou há dois anos, mas que acaba por ser de algum modo proporcional à situação em que nos encontramos, em que de facto não há um impacto ainda muito significativo na circulação do vírus."

O matemático considera assim que não se justifica a imposição de novas medidas restritivas, considerando que, no limite, justifica-se apenas uma recomendação em algumas circunstâncias de maior risco.

"Em termos da vigilância que é feita, a verdade é que há uma vigilância ainda relativamente próxima ao fenómeno da Covid-19, portanto há uma testagem a nível hospitalar que é bastante generalizada e isso permite-nos acompanhar a evolução dos números", indica o especialista.

"Diria que, apesar de se ter reduzido substancialmente a vigilância na forma como era feita antes, em que havia uma testagem mais ampla, havia isolamentos obrigatórios, a verdade é que a vigilância se mantém, mas nuns moldes que são mais proporcionais ao que é a realidade atual."

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