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Sindicato pede demissão da direção do INEM e apresenta queixa ao Ministério Público

14 ago, 2022 - 18:33 • com Lusa

Em causa está uma queixa do autarca da Guarda referente a um homem em paragem cardiorrespiratória para o qual foi solicitada uma viatura de emergência que nunca chegou. INEM diz que atuação "foi a correta".

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O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) vai pedir a demissão do conselho diretivo do INEM devido a casos de "atraso no envio de meios", como dizem ter acontecido num incêndio na Guarda, e apresentou queixa ao Ministério Público, referente a um homem alegadamente em paragem cardiorrespiratória para o qual foi solicitada uma viatura médica de emergência e reanimação (VMER) que, segundo o autarca local, nunca chegou.

Em comunicado, o sindicato refere que acompanha "com enorme preocupação as várias situações de atrasos no envio dos vários meios de emergência médica" e que vai solicitar à ministra da Saúde, Marta Temido, "o apuramento de todas as responsabilidades políticas do preocupante estado a que a emergência médica chegou, que deve culminar na demissão integral do conselho diretivo do INEM", uma vez que, no seu entender, tem dado provas de "incapacidade na gestão do Sistema Integrado de Emergência Médica em Portugal".

O INEM, em reação, aponta que no início de junho "foi reforçado o dispositivo de meios para o verão" em 33 meios nas zonas de maior procura dos serviços de emergência médica. Sobre a situação do homem na Guarda que apresentava falta de ar, o organismo indica que o meio de socorro foi acionado dois minutos depois da ocorrência ter sido registada, com os bombeiros de Favaios a contactarem o CODU vinte minutos depois. Pelas 21h41, dez minutos depois, a equipa de bombeiros da Guarda, acionada pelo CODU, "informou que a vítima se encontrava consciente e estável", transportando o homem até ao hospital.

"Pelo exposto, não se confirma que tivesse sido transmitido ao CODU que a vítima se encontrava em paragem cardiorrespiratória, não existindo critério para acionamento de um meio de Suporte Avançado de Vida, como é o caso da Viatura Médica de Emergência e Reanimação", refere o INEM, que defende que a atuação "foi a correta".

Este domingo, o presidente da Câmara da Guarda afirmou à Agência Lusa que "pode haver agora muitas desculpas, que o apoio médico da região podia estar noutras ocorrências, mas, nestas circunstâncias, o INEM tem que dar a resposta aos incêndios, nomeadamente com o reforço dos meios". O autarca destacou tratar-se de um incêndio que estava a ser combatido por mais de 400 operacionais, em Aldeia Viçosa, com outro fogo próximo -- o que atingiu vários concelhos na serra da Estrela, ainda por extinguir.

"Nestas circunstâncias não podemos ficar à espera de ver as coisas acontecer", disse, ressalvando que "desta vez correu bem, mas na próxima vez pode não correr", pelo que apelou "às autoridades responsáveis para que corrijam os procedimentos".

Reportando-se ao anúncio de um reforço de meios, o STEPH entende que o INEM tentou "ludibriar a opinião pública com medidas vazias de soluções e de mudanças que infelizmente têm custado vidas aos portugueses", quando, acrescenta, na realidade o número de ambulâncias no sistema é o mesmo, mudando apenas o nome. Por isso, remata, o sindicato "aguarda serenamente que a Justiça faça o seu trabalho no apuramento de todas as responsabilidades criminais pelas vidas que se perderam e por todas as ocorrências onde o socorro é demasiado demorado ou inexistente".

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