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Urgências. Sindicato avisa que situação vai agravar-se e acusa Governo de “insensibilidade”

08 ago, 2022 - 16:38 • Redação, com Lusa

A situação nas próximas semanas será “muito semelhante” nas urgências obstétricas, diz o Sindicato Independente dos Médicos.

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O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, avisa que a situação nas urgências vai agravar-se até ao final do ano.

“O governo acabou por reconhecer o problema, mas dizendo que era só durante os feriados. Depois, era só durante o mês de junho... Nós temos dito que não é um problema de feriados, não é um problema de verão, não são as férias dos médicos, mas sim um problema de questões estruturais que se vão agravar nos próximos meses, adverte o dirigente em declarações à Renascença.

“Acho extraordinária a insensibilidade que o governo tem tido particularmente aos seus cidadãos que nem sequer garante serviços de urgência”, reforça.

Roque da Cunha aponta como principais razoes para a saída dos médicos a reforma e a rescisão do contrato, já que há falta de condições por parte do serviço nacional de saúde. "A falta de Investimento no serviço geral de saúde tem resultado numa diminuição dos médicos que trabalham no serviço nacional de saúde, que saem por reforma e, cada vez mais, por rescisão", diz a Renascença.

Segundo Roque da Cunha, a situação nas próximas semanas será “muito semelhante” em termos de urgências obstétricas, com serviços encerrados durante os fins de semana, como, por exemplo, nos hospitais de Braga, Garcia de Orta, em Almada.

“Vamos ter urgências que serão encerradas durante períodos noturnos e temos uma situação que é uma situação altamente preocupante e que resulta desses encerramentos (…) que é uma pressão acrescida junto das outras urgências que estão nos seus limites”, advertiu.

Roque da Cunha observou que este problema também se passa nas urgências gerais, apontando vários exemplos.

“Ainda ontem [domingo] tivemos notícia de várias urgências de Setúbal, Torres [Vedras], Caldas [da Rainha] totalmente cheias, sem macas”, disse, alertando que não se pode começar a culpabilizar as pessoas que recorrem aos serviços de urgência por motivos que não são de emergência, “porque ninguém vai por gosto, é porque não tem alternativas”.

A urgência de ortopedia de Santarém também esteve encerrada no domingo e hoje é o Hospital Garcia de Orta que por falta de especialistas não recebe até às 20:00 de hoje doentes urgentes politraumatizados.

“Portanto, há um conjunto de situações que, não havendo uma solução estrutural, não se consegue ultrapassar. A gravidade disto é que temos um Governo que está há sete anos no poder e que tem uma insensibilidade atroz perante os seus cidadãos. Não garantir serviços de urgência aos seus cidadãos, não garantir um nascimento tranquilo [dos filhos] às suas grávidas é perfeitamente inqualificável”, criticou.

Roque da Cunha manifestou-se convicto de que se houver acordo entre as partes no processo negocial é possível travar a saída de médicos e atrair outros, mas lamentou “a lentidão” do Governo nas negociações face à situação que se vive.

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