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Excesso de mortes em Portugal em maio representa quase o triplo da média comunitária

15 jul, 2022 - 12:57 • Inês Rocha com Lusa

Portugal registou uma taxa de 19% de excesso de mortalidade em maio. Em junho, a subida é de 26%.

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Portugal registou em maio o maior excesso de mortalidade na União Europeia, com uma taxa de 19%, quase o triplo da média comunitária, de 6,6%, revelam dados hoje publicados pelo gabinete de estatísticas da União Europeia.

De acordo com os dados hoje publicados pelo Eurostat, enquanto no conjunto da UE o excesso de mortalidade - a percentagem de mortes adicionais em comparação com a média mensal de óbitos no período entre 2016-2019 - recuou em maio para os 6,6% depois de em abril ter alcançado o valor mais elevado de 2022 (10,7%), em Portugal aumentou pelo quarto mês consecutivo, subindo de 12,4% em abril para 19% em maio, o valor mais elevado entre os 27 Estados-membros, seguido da Grécia (17%) e Irlanda (13%).

O Eurostat aponta que cinco Estados-membros registaram valores abaixo da média mensal nacional no período 2016-2019 (anterior à pandemia de covid-19), designadamente Bulgária e Lituânia (ambas com -2%), e Eslováquia, Hungria e Croácia (todas com -1%).

Em Portugal tem-se registado um crescimento progressivo do excesso de mortalidade desde janeiro de 2021, mês em que até se verificou um valor abaixo da média mensal nacional em comparação com o período 2016-2019, de -4,4%. Em fevereiro, aumentou para 4,1%, em março para 6,9% (superando então a média da UE, de 6%), em abril para os 12,4% (face a 10,7% da União) e, em maio, para os 19%, o valor mais elevado em Portugal desde fevereiro de 2021 (24,6%).

O Eurostat ainda não contabiliza o mês de junho mas, como a Renascença avançou esta quarta-feira, junho de 2022 foi o mais mortal dos últimos 42 anos. Só em junho de 2022, registaram-se 10.215 mortes em Portugal - uma subida de 26% face à média de mortes diárias entre 2009 e 2019, o intervalo de referência pré-Covid. É a primeira vez que o mês de junho regista mais de nove mil mortes.


O mesmo poderá voltar a acontecer no mês de julho, se a tendência das duas primeiras semanas continuar. "Estamos a caminho, em termos médios acumulados, das 10 mil mortes", revela Carlos Antunes. Neste caso, já não será inédito. Em 2020, foram registadas 10.425 mortes em julho.

No global, número de mortes no primeiro semestre baixou

O Instituto Nacional de Estatística (INE) avança esta sexta-feira que nos primeiros seis meses deste ano foram registados em Portugal 63.926 óbitos, menos 3.386 que no mesmo período de 2021 (-5%).

Nestas estatísticas pesa o mês de janeiro, que em 2021 atingiu as 18.700 mortes, o mês mais mortal desde 2015. Já em 2022, registaram-se apenas 11.602 mortes no mês de janeiro.

Ainda assim, se olharmos para os meses seguintes, há uma tendência de subida na mortalidade desde maio.

Os dados do INE apontam também para um aumento de 1,5% no número de nascimentos nos primeiros cinco meses deste ano, que totalizaram 31.979, face ao mesmo período do ano passado (31.504)

Em abril e maio de 2022, registaram-se, respetivamente, 6.115 e 6.772 nados-vivos, correspondendo a decréscimos de 3% (menos 189) e de 0,6% (menos 38) relativamente aos meses homólogos de 2021.

No mês de maio de 2022, o saldo natural foi de menos 3.570, agravando-se relativamente ao do mês homólogo de 2021, quando registou o valor de menos 1.807.

Nos primeiros cinco meses de 2022, o valor acumulado do saldo natural foi de menos 21.672, apresentando um desagravamento relativamente ao valor observado no mesmo período de 2021 (-27.576).

As estatísticas do INE incluem também os casamentos e revelam que em maio atingiram valores pré-pandemia, tendo sido celebrados 3.503 casamentos, 1,3 vezes o número de casamentos realizados em maio de 2021 (mais 887 casamentos).

De janeiro a maio de 2022 foram celebrados 9.909 casamentos, mais 4.476 do que no mesmo período do ano passado.

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