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Associações de doentes criam rede na defesa de utentes e cuidadores

06 jun, 2022 - 09:20 • Anabela Góis

O objetivo é trabalharem em conjunto na defesa das pessoas com doença, utentes de saúde e cuidadores, pois acreditam que assim conseguem ter mais peso juntos dos decisores políticos.

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Quatro organizações de doentes e utentes do Serviço Nacional de Saúde lançam uma rede que pretende fazer a diferença na defesa dos direitos das pessoas com doença, utentes de saúde e cuidadores informais.

Porque a união faz a força, e porque há várias questões que são comuns às organizações que agora se juntam, Maria do Rosário Zincke, da Plataforma Saúde em Diálogo, diz que esta união de esforços faz todo o sentido quando se trata de melhorar o acesso a cuidados de saúde de qualidade.

Neste contexto, explica que decidiram juntar-se “porque perseguimos os mesmos objetivos, partilhamos as mesmas preocupações e temos reivindicações comuns”.

“Preocupa-nos, por exemplo, a questão dos direitos das pessoas com doença e utentes de saúde, nomeadamente, o direito à participação nos processos de decisão, a questão do doente crónico, a problemática das doenças raras e as dificuldades do acesso a cuidados em termos equitativos. São temas comuns e nós entendemos que, em conjunto, conseguimos chamar atenção e reivindicar com mais êxito”, exemplifica.

O objetivo é trabalharem em conjunto na defesa das pessoas com doença, utentes de saúde e cuidadores, porque acreditam que assim conseguem ter mais peso juntos dos decisores políticos.

“Trabalhar em conjunto desenvolver os nossos dossiers em conjunto, sistematizar as nossas ideias e dirigirmo-nos em conjunto aos decisores políticos para conseguimos as mudanças que nós achamos importantes conseguir, o mais rapidamente possível”, destaca.

E reivindicações parecem não faltar, sublinha, começando, desde logo, pela necessidade e melhorar a articulação entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares.

“Nós notamos uma enorme falha na articulação entre os vários níveis de cuidados - cuidados primários, cuidados hospitalares -, o relacionamento com as respostas sociais. Os utentes sentem-se completamente perdidos no sistema e era muito importante que fosse definido um percurso de cuidados”, declara Maria do Rosário Zincke.

Mas, há mais. “A questão do estatuto do doente crónico, onde existem muitas iniquidades, ou seja, temos situações semelhantes com tratamentos muito diferentes”.

“Seria muito importante se conseguíssemos que fosse regulamentada a lei que consagra a carta para a participação publica em saúde, que já é de 2019, e estamos a falar de algo muito importante que é a participação dos utentes de saúde em diversos fóruns, nomeadamente em conselhos consultivos ao nível dos cuidados de saúde primários, hospitalares. Seria excelente se conseguíssemos que fosse regulamentada; respostas de proximidade, como por exemplo, o acesso aos medicamentos hospitalares, retomando aquilo que já aconteceu durante os confinamentos em que os medicamentos hospitalares podiam chegar às pessoas através das farmácias comunitárias”, concretiza.

Segundo Maria do Rosário Zincke, “são questões em que podemos ter mais êxito se conseguirmos reivindicar em conjunto e de forma organizada do que tivemos até aqui com cada um a reivindicar as mesmas coisas por si”, sintetiza, esclarecendo que as quatro organizações que, agora, se juntam mantêm a sua autonomia na defesa de cada uma das suas áreas de interesse”.

Além da Plataforma Saúde em Diálogo, fazem parte desta rede a Federação Nacional das Associações de Doenças Crónicas, a “Mais Participação, melhor saúde”, e a União das Associações de Doenças Raras de Portugal.

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