05 mai, 2022 - 19:00 • Núria Melo
O Observatório de Violência Obstétrica em Portugal admite que o caso de ofensa à integridade física e negligência médica com uma mulher grávida no Centro Hospitalar da Cova da Beira poderá configurar um caso de violência obstétrica.
À Renascença, Carla Pita Santos, do Observatório de Violência Obstétrica em Portugal, diz que "este será um dos muitos casos registados em vários hospitais, quer públicos, quer privados".
Esta responsável critica, por outro lado, o que diz ser o silêncio da Ordem dos Médicos neste tipo de casos. "Em novembro apresentamos à Ordem dos Médicos 300 casos de denúncia de violência obstétrica e até agora nada", explica.
Em causa estão questões como se a "paciente estava sozinha, se teve a possibilidade de acompanhante ou se lhe foi colocada a questão sobre a administração do fármaco".
Carla Pita Santos explica, ainda, que a diferença entre hospitais públicos e privados é que "nos privados as grávidas são tratadas como clientes e não se verifica violência verbal tão marcada" como nos hospitais públicos.
Notícia Renascença
A médica decidiu induzir o parto, usando um medica(...)
Também a médica Sofia Cunha diz haver muitos casos de violência obstétrica e lamenta o silêncio da Ordem dos Médicos.
"Já enviei vários pedidos e questionei a falta de resposta", diz.
Sofia Cunha lamenta a falta de abertura para ouvir as mulheres e para ouvir as entidades que trabalham com esses casos e acrescenta que é preciso questionar a Ordem sobre a falta de estatísticas, sobre as melhorias planeadas para dar resposta às grávidas e que pressão está a Ordem a fazer junto do Ministério da Saúde.
Sofia Cunha garante que vão continuar a insistir para que a Ordem dos Médicos reconheça o a prática de violência obstétrica em Portugal.
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