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"Comer saudável e barato". Estudantes lançam livro de receitas para tempos de crise

02 mai, 2022 - 18:51 • Liliana Carona

Os universitários já não estão dependentes da lata de atum. Há um livro de receitas para eles e para todos os que queiram aprender a cozinhar, gastando pouco. São 60 receitas de menus completos, por 1,5 euros. A ideia de criar o livro “Receitas Criativas para Tempos de Crise” surgiu de um grupo de alunos, no âmbito da disciplina de Novos Sistemas de Restauração, na Escola Superior de Turismo e Hotelaria, em Seia.

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Receitas - Reportagem de Liliana Carona
Ouça a reportagem da jornalista Liliana Carona

São alunos do 3.º ano do curso de Restauração e Catering do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e testaram as 60 receitas do livro que em sala de aula decidiram criar, com o apoio e incentivo do professor e chef Rui Cerveira, 43 anos, com mais de 20 anos de experiência.

“Leciono a unidade curricular de ‘Novos sistemas de restauração’ e achei que devia pôr os alunos a pensar sobre o que é o futuro da restauração, qual o momento atual e surgiu numa conversa de aula, reparámos que os alunos que chegam novos, não tinham qualquer noção de cozinha e com receitas esquisitas e pouco saudáveis”, admite.

Rui Cerveira adianta que o livro também procura agradar o palato dos mais jovens. “Não valia a pena ter um livro de receitas saudáveis e eles não as seguirem. Temos receitas festivas, que podem ir até 2 euros euros, mas a maioria é 1 euro, o preço. Começámos a reparar que os alunos não se estavam a alimentar bem, e em vez de estarmos na sala a dizer que comem mal, preparámos as receitas, testámos e o mote principal foi: comer saudável e barato. Um jantar pronto em 5 minutos”, salienta o docente/chef, que já está a preparar uma segunda edição do livro “com receitas um pouco mais complexas”.

Reaproveitar as sobras e fazer folhados, gelatina com fruta e brigadeiros

Os testes na cozinha da Escola Superior de Turismo e Hotelaria, em Seia, continuam, para que nenhum estudante fique sem saber o que cozinhar ou cozinhe sempre o mesmo.

Pedro Gonçalves, 21 anos, e Bruna Silva, de 20, contam o que foram observando nos três anos de curso. “Arroz de atum, esparguete com salsichas, umas batatas fritas, uns enlatados”, realça Pedro Gonçalves.

“Tentámos criar receitas de maneira diferente, fáceis e baratas. São 60 receitas fáceis de confecionar. Uma massa simples com cogumelos. Em vez de ser uma carbonara tradicional”, demonstra Bruna Silva.

José Teixeira, de 20 anos, não deixa nada de fora nas contas das receitas que não podem ultrapassar os 2 euros de custo final. “Hoje fizemos um folhado de pescada, são sempre boas opções os folhados com as sobras. Utilizamos os restos do frango, salteamos bem, e refogamos. Temos também águas aromatizadas, uma gelatina é sempre o que sai mais barato, é refrescante, juntamos a gelatina à fruta. Valorizamos até a água, dois cêntimos, uma sopa, a 13 cêntimos, o prato principal 1 euro, para sobremesa, uns brigadeiros, a 30 cêntimos”, contabiliza, acrescentando que só as receitas para épocas festivas chegam aos 2 euros, teto máximo.

“Seja porque não sabem ou porque o dinheiro chega para cada vez menos, os jovens estão a alimentar-se mal”, concluíram os alunos do 3.º ano do curso de Restauração e Catering, depois de os próprios terem percebido que na comunidade, muitos jovens dependem da lata de atum a todas as refeições.

“Receitas criativas para tempos de crise”, um livro que estará disponível dentro de uma semana e que pode já ser reservado online.

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