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Covid-19: Maioria dos grupos de Alcoólicos Anónimos regressou às reuniões presenciais

19 mar, 2022 - 08:58 • Lusa

Mais de metade dos membros da comunidade dos AA está empregado e 35% são reformados. Os restantes são desempregados e estudantes.

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A maioria dos grupos dos Alcoólicos Anónimos voltou às reuniões presenciais, após terem transitado para o "online" devido à pandemia, uma solução que acabou por ajudar pessoas que devido à distância se viam impedidas de participar, segundo a comunidade.

"Hoje temos a frequentar as reuniões pessoas de sítios onde nunca haveria possibilidade, ou só daqui a muitos anos, de haver grupos de Alcoólicos Anónimos (AA)", disse António, membro da comunidade, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Nacional de Alcoólicos Anónimos, assinalado hoje. .

Nesse sentido, a pandemia deu "uma grande ajuda", porque permitiu que os AA chegassem a todo o país e até a portugueses que trabalham em Angola, Brasil ou Moçambique.

"Gente do interior do país, cujo grupo mais próximo presencial está a 50, 60, 70 quilómetros, consegue estar bem, sem beber, fazendo reuniões online de Alcoólicos Anónimos", afirmou António, adiantando que há cinco grupos que vão continuar com as reuniões "online" mesmo quando a pandemia de covid-19 terminar.

Com o abrandar da pandemia e o alívio das medidas de proteção, os grupos de AA foram abrindo presencialmente, sendo que dos 88 registados em Portugal, apenas 12 permanecem fechados. .

"À medida que houve condições para isso e que as pessoas se sentiam suficientemente confiantes, respeitando sempre as regras da Direção Geral de Saúde, os espaços onde nos reunimos começaram a reabrir", disse, congratulando-se também pelo facto de, ao fim de dois anos, poderem realizar presencialmente o Fórum Nacional de Serviço, que se realiza no próximo fim de semana.

No encontro, serão debatidas questões relacionadas com o serviço alcoólicos anónimos e como podem continuar "a ajudar mais e melhor" as pessoas que sofrem de alcoolismo.

Será ainda divulgado um inquérito realizado em 2021 aos membros do AA, que indica que cerca de três quartos são homens e um quarto mulheres, segundo dados preliminares da sondagem que envolveu cerca de 300 participantes.

Mais de metade dos membros da comunidade dos AA está empregado e 35% são reformados. Os restantes são desempregados e estudantes.

A maior parte dos inquiridos teve conhecimento dos Alcoólicos Anónimos através do profissional de saúde ou de um amigo ou familiar, "mas já há uma grande percentagem que soube através de internet, cerca de 8%", salientou.

Sobre o que os AA trouxerem à sua vida, a maior parte apontou mais estabilidade emocional, familiar e reintegração social.

Os dados apontam também que cerca de 13% dos inquiridos tem entre 21 a 30 anos de sobriedade continuada e 14%, entre 16 a 20 anos.

Há ainda 36% que não bebem há menos de cinco anos e 17% entre 5 a 10 anos, enquanto 11% mantém-se sóbrio entre 11 a 15 anos.

António salientou que para os AA basta uma pessoa parar de beber para ser "uma grande vitória": "O alcoolismo é uma doença que nos destrói completamente, emocionalmente, fisicamente e mentalmente".

Fazendo um balanço de dois anos da pandemia, António disse que os AA passaram por esta fase com "muita resiliência" e o facto de se terem conseguido adaptar ao mundo digital "foi maravilhoso".

Deu o exemplo de pessoas com mais de 70 anos que diziam que nunca iriam usar um computador ou que não sabiam mexer no telemóvel e hoje são "grandes adeptos" de fazer reuniões online.

"Tiveram que ficar nas suas casas, mas não queriam deixar de fazer a reunião porque sentem falta do equilíbrio emocional que lhes é dado", contou António, estimando que existam em Portugal cerca de 500 a 600 membros dos AA.

Em 2020, os AA receberam uma média de 5,5 contactos por dia, num total de 2.006, a maior parte pela linha de ajuda (217 162 969), mas também por e-mail (info@aaportugal.org) ou pela internet (www.aaportugal.org.).

Destes contactos, 1.353 foram pedidos de ajuda de pessoas que estavam com problemas com o álcool, mas também de familiares e amigos preocupados com os seus familiares.

Já no ano de 2021, tiveram 1.768 pedidos e um número médio de contactos de 5,7 por dia, disse, observando que antes da pandemia os contactos rondavam os 2.200, 2.300 por ano.

Segundo António, as reuniões de Alcoólicos Anónimos são frequentadas por pessoas de todas as áreas da sociedade, de todos os estratos sociais, que "sabem que se beberem caminham para a sua destruição ou eventualmente para a morte e não bebendo estão a cuidar de si e pelo seu exemplo ajudar outros".

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