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Seca

Barragens do Barlavento algarvio vão reservar água para dois anos de consumo humano

23 fev, 2022 - 22:55 • Lusa

Municípios da região asseguram que vão ser tomadas medidas como a redução da rega em muitos dos espaços verdes e a substituição de espécies consumidoras por outras de muito baixo consumo.

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As barragens do barlavento do Algarve vão preservar reservas de água para garantir o consumo humano por dois anos e limitar a sua utilização para regas de espaços verdes, golfe ou agricultura, disse o presidente da Comunidade Intermunicipal.

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Pina, revelou à Lusa que esta foi uma das medidas que foram adotadas esta quinta-feira na primeira de cinco reuniões, lideradas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que se vão realizar em todas as regiões do país para avaliar as medidas técnicas a tomar contra a seca.

“Temos um problema grave [com a seca] e que, de acordo com as previsões do IPMA [Instituto Português do Mar e Atmosfera], pode ser ainda mais grave, mas temos um problema diferente de há dois anos, porque a situação desta vez é mais grave no barlavento [oeste] do que no sotavento [este]”, diagnosticou António Pina.

O presidente da AMAL explicou que, perante esta situação, “vão ser tomadas medidas” para, “desde já, garantir que, no barlavento [oeste], há a quantidade de água necessária para, caso não chova durante dois anos, fazer o abastecimento humano”.

O também presidente da Câmara de Olhão precisou que as três “albufeiras do barlavento têm no conjunto 92,5 hectómetros” de água e, a partir de agora, “80 ficam já reservados para consumo humano durante dois anos” e “só se disponibilizam para consumo agrícola, golfe e outros fins cerca de 12,5 hectómetros”.

Este valor, frisou, “corresponde às necessidades de rega do perímetro desta zona para uma época”.

António Pina adiantou também que, também no curto prazo, haverá “um conjunto de outras ações que os municípios também se propõem a fazer, como reduzir a rega em muitos dos espaços verdes” e “fazer a sua reconversão, substituindo espécies consumidoras por outras de muito baixo consumo”.

Esta reconversão poderá ser feita, segundo o autarca, ao abrigo de um montante de “cinco milhões de euros para todo o país” que será destinado “a ações de sensibilização” e de poupança de água.

Estão também previstos “projetos de reutilização de água para alguns campos de golfe” que permitirão destinar “oito hectómetros” de águas tratadas para rega, indicou António Pina, sublinhando que os estudos da "dessalinizadora” prevista no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assim como os projetos” para a captação de água no Pomarão, já estão adjudicados.

A mesma fonte referiu ainda que os municípios também já apresentaram candidaturas ao PRR no “valor de 14 milhões de euros para combate às perdas de água”.

“Esta situação, obriga-nos a de uma vez por todas a olhar para o tema da água de forma diferente e para a forma como consumimos esta água, seja no Algarve, seja em todo o país. É óbvio que as alterações climáticas influenciam este recurso e, apesar dos investimentos que estamos a fazer no Algarve, não se pense que iremos ter mais água nos próximos 20 anos, porque estes investimentos poderão garantir que temos a mesma água”, advertiu.

António Pina considerou que é necessário “pensar na forma como se vai gastá-la” e apelou ao Estado português para que “faça o mesmo que em Espanha e torne o recurso água um recurso público”, permitindo que a gestão da água subterrânea deixe de ser “privada”.

O autarca apelou ainda ao “Presidente da República, garante maior da equidade entre os portugueses, para que tome este assunto entre mãos”.

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