01 fev, 2022 - 23:34 • João Malheiro
O investigador do Instituto de Medicina Molecular, Miguel Castanho, alerta que a mortalidade provocada pela Covid-19 deve continuar a aumentar, antes de voltar a descer.
O aviso chega depois desta terça-feira Portugal ter registado o maior número de mortes diárias desde 23 de fevereiro de 2021, ou seja, em quase um ano.
"É provável que ainda aumente. Se acompanharmos a curva da incidência e a curva dos internamentos em cuidados intensivos e a curva das vítimas mortais, elas estão desfasadas por um período temporal. As outras duas curvas já tiveram o seu aumento e, agora, estamos a ver a curva da mortalidade a refletir essa tendência", explica, à Renascença.
É, por isso, expectável que esse aumento continue e a curva de mortalidade só vai baixar depois da curva da incidência.
"Mesmo que a incidência comece a baixar agora, o que é certo é que a curva da mortalidade só começa a descer depois", indica o especialista.
Apesar do aumento da mortalidade, os números de janeiro deste ano estão muito abaixo daqueles registados no mesmo período, em 2021.
Um facto que se deve a Portugal ter começado a vacinar a população "na altura certa" e por estar a enfrentar a vaga "menos agressiva" da variante Ómicron.
Mesmo assim, Miguel Castanho diz que o país ainda "está longe de uma situação boa ou sequer razoável", realçando, mais uma vez, que a mortalidade está a aumentar.
"Ainda temos de pensar que não podemos de deixar de tomar medidas", defende.
O investigador do Instituto de Medicina Molecular classifica a perspetiva de Portugal chegar a uma fase de endemia, em fevereiro, como "otimista" e prefere apontar para o "início da primavera" como o período mais provável em que o país chegará a esta meta.
E, apesar das circunstâncias ficarem "mais favoráveis", só o inverno servirá de verdadeiro teste para se perceber se o capítulo da pandemia está, definitivamente, fechado.
"É o inverno que nos vais dizer se, de facto, estamos numa endemia real ou numa endemia só aparente. Depende se o inverno vai despoletar a pandemia, outra vez. A gripe tem flutuações no inverno, mas dentro de um intervalo de equilíbrio. É isso que se espera que aconteça com a Covid-19", explica.