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Covid-19

Natal e Ano Novo? Depende da responsabilidade de cada um, diz Raquel Duarte

07 dez, 2021 - 07:00 • Rosário Silva

Investigadora que integra o painel de especialistas de aconselhamento do Governo diz que, face ao aumento do número de casos de infeção, "os próximos dias vão ser muito importantes para perceber exatamente o que está a acontecer".

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Fila de ambulâncias em janeiro deste ano. Foto: Mário Cruz /Lusa
Fila de ambulâncias em janeiro deste ano. Foto: Mário Cruz /Lusa
Raquel Duarte, pneumologista, investigadora do ISPUP que integra o grupo de peritos do Infarmed. Foto: DR
Raquel Duarte, pneumologista, investigadora do ISPUP que integra o grupo de peritos do Infarmed. Foto: DR

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Apesar do ritmo de transmissão da Covid-19 em Portugal estar a um ritmo mais reduzido, o número de casos continua a aumentar e a pneumologista Raquel Duarte considera que "os próximos dias vão ser muito importantes para perceber exatamente o que está a acontecer".

“Nesta altura estamos a assistir a um aumento. Até recentemente, temos assistido a uma redução da velocidade de crescimento", daí que, para a investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), seja importante entender “se esta redução da velocidade de crescimento se mantém, ou se, fruto da nova variante, voltamos a ter um aumento da velocidade de crescimento”.

O número de novos casos, os internamentos em enfermaria e em cuidados intensivos ou a letalidade, são alguns dos parâmetros que importa analisar nos próximos dias “de forma a termos um retrato fiel daquilo que está a acontecer na nossa população”, acrescenta Raquel Duarte, entrevistada pela Renascença.

Vacinar ou não vacinar

Com a chegada antecipada das primeiras 300 mil vacinas contra a Covid-19 para crianças dos 5 aos 11 anos para 13 de dezembro, as opiniões entre os especialistas dividem-se, mas Raquel Duarte considera que a vacina é importante para proteger as crianças e, tal como aconteceu com a vacinação nos adultos, não é esperado um comportamento diferente.

“Nós somos uma população que tem aderido de forma exemplar as medidas que permitem controlar a infeção” e, no que respeita à vacinação “somos dos países que mais tem aderido, portanto, não é expectável que haja uma alteração dos comportamentos em relação à população infantil”, acredita.

Em entrevista à Renascença, a especialista recorda que a responsabilidade de cada um “vai ser fundamental para conseguirmos sobreviver a esta pandemia”.

A pouco mais de duas semanas das festas do Natal e do Ano Novo, Raquel Duarte acredita que é possível ter uma certa normalidade durante a quadra, se cada um cumprir o seu papel.

“Se nós tivermos os cuidados necessários, utilizarmos a máscara de forma adequada, se mantivemos a distancia, se lavarmos as mãos de forma adequada, se evitarmos estar com outras pessoas se tivermos sintomas respiratórios, se evitarmos grandes festas e concentrações fora da nossa bolha familiar, certamente vamos conseguir ter uma vida quase normal”, frisa.

“Qualquer pandemia é um problema global”

Muitos especialistas temem que os baixos índices de vacinação no continente africano representem uma ameaça para o resto do mundo e Raquel Duarte defende a elaboração de estratégia à escala global para combater a pandemia, que reúna todos lideres mundiais.

“Pensar de uma forma global é olhar para os países do mundo inteiro e é preciso que todos os lideres mundiais se juntem e pensem definitivamente uma estratégia para todo o mundo”, refere.

Esta segunda-feira, vários líderes africanos apelaram à rápida operacionalização da Agência Africana do Medicamento (AMA), para que seja possível produzir 60% das vacinas que são necessárias, até 2040.

Países como o Egito, Marrocos, Ruanda e Senegal assinaram, inclusive, memorandos de entendimento para produzir vacinas, o que demonstra preocupação e vontade de agir. No continente africano, apenas 7% da população está vacinada.

“A vacinação é fundamental para que toda a população esteja protegida contra a Covid-19, consiga reduzir o vírus em circulação e, simultaneamente, reduzir o risco do aparecimento de novas variantes”, sublinha Raquel Duarte que gostaria de ver estes países a terem acesso à vacina, “não só através da doação das vacinas”, mas também “pela capacidade de a produzirem”.

Doar vacinas ajuda. Mas não chega

A falta de acesso à vacina, por um lado, e a iliteracia, por outro, são ameaças que é preciso ultrapassar e, neste ponto, os países mais desenvolvidos podem colaborar muito mais para acelerar o processo.

A doação dá uma ajuda, mas não chega, por isso, afirma a pneumologista, “é preciso que todo o conhecimento tecnológico em relação às vacinas, seja transmitido permitindo que estes países possam fazer a produção da vacina em quantidades suficientes para garantir a sua distribuição a toda a população”.

“Qualquer pandemia é um problema global. Portanto, enquanto este problema existir em alguma parte do globo, existe a ameaça em todo o mundo”, adverte Raquel Duarte.

“Esta é uma situação típica em que só resolveremos o problema se o mundo inteiro tiver acesso a vacinas de boa qualidade", conclui a investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

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