Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Covid-19. Nova variante ainda não foi identificada em Portugal

26 nov, 2021 - 15:54 • Lusa

O Instituto Ricardo Jorge está a vigiar a linhagem descoberta na África do Sul, que ainda não foi classificada nem "de interesse" nem "de preocupação. "Temos que dar tempo ao tempo. É um motivo natural de preocupação, mas não é motivo de alarme total", diz investigador.

A+ / A-

O investigador do INSA João Paulo Gomes afirmou nesta sexta-feira que a nova variante do novo coronavírus detetada na África do Sul é "um motivo de preocupação, mas não é motivo de alarme total", adiantando que ainda não foi identificado qualquer caso em Portugal.

Contactado pela agência Lusa, o investigador do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) afirmou que esta nova linhagem está em estudo e ainda não foi classificada como "variante de interesse" ou "de preocupação" pelas autoridades internacionais, nomeadamente a Organização Mundial da Saúde.

"Ela emergiu na África do Sul e pensa-se que possa estar associado à elevada taxa de positividade que está agora reportada naquele país", havendo alguns "casos esporádicos" nos países vizinhos, nomeadamente no Botsuana, adiantou João Paulo Gomes.

"Nós continuamos a fazer a vigilância contínua das variantes e nunca até hoje identificamos qualquer caso de infeção associado a esta linhagem", assegurou.

Segundo o microbiologista, é uma linhagem que preocupa a comunidade científica, porque se caracteriza pela presença simultânea de "um anormal número de mutações na proteína de interesse, a proteína 'Spike'".

"Muitas dessas mutações estão na zona de ligação às nossas células e outras são mutações conhecidamente associadas à falha de ligação aos anticorpos e, portanto, o problema desta nova linhagem é que tem muito mais mutações destas do que as outras variantes que nos preocuparam até agora", explicou.

Ressalvou, contudo, que não é por ter a presença simultânea destas mutações relevantes que faz com que seja "mais transmissível ou com associação a falhas vacinais".

"Temos que dar tempo ao tempo. É um motivo de preocupação naturalmente, mas não é motivo de alarme total", considerou.

"É importante que os países façam a sua monitorização, estejam atentos e prontos e vamos ver até que ponto é que ela tem algum impacto não desejável", acrescentou.

O especialista disse ainda que concorda com a medida anunciada pelo Governo de que quem viaja para Portugal tem obrigatoriamente que apresentar um teste negativo, mesmo que esteja vacinado e lembrou que alguns países, nomeadamente o Reino Unido, "nem sequer permite voos originários da África do Sul e do conjunto de países vizinhos para evitar qualquer tipo de introdução".

João Paulo Gomes lembrou que a África do Sul já foi incubadora de uma variante de preocupação, a variante Beta. que não teve uma disseminação muito vincada por todo o mundo, não passou dos 5%.

No entanto, estima-se que tenha atingido cerca de 90% a 95% de todos casos de infeção na África do Sul.

"Agora, obviamente, dado o tipo de mutações que esta nova linhagem tem, a última coisa que queremos é que ela se dissemine pelo resto do mundo e, portanto, acho que temos de ter precaução".

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+