25 nov, 2021 - 14:49 • Lusa
António Lacerda Sales defendeu esta quinta-feira a necessidade de um “enquadramento legal mais robusto e abrangente” para uma “abordagem coordenada” a nível internacional da saúde.
O secretário de Estado falava num painel sobre “covid-19 e riscos sistémicos”, no âmbito do Fórum Europeu para a Redução de Riscos de Catástrofes, que decorre até amanhã, em Matosinhos.
Lacerda Sales defende a necessidade de um “enquadramento legal mais robusto e abrangente, no qual a União Europeia se pudesse preparar e ter uma abordagem mais coordenada na saúde”.
Na sua intervenção, o secretário de Estado lembrou que a “saúde humana, a saúde animal e o ambiente estão intimamente ligados”, considerando que, “nesta área, ainda há muito a melhorar”, defendendo uma resposta adequada passa pelo “aperfeiçoamento da coordenação transdisciplinar”.
“Em Portugal, esta foi uma dar grandes lições que tirámos da pandemia, a inexcedível colaboração entre diferentes autores – autoridades locais, Proteção Civil, autoridades de saúde e forças de segurança”, afirmou.
No fórum participa também a diretora regional da Organização Mundial da Saúde na Europa, para quem “a covid-19 cobre os atributos de riscos sistémicos”,
Para Dori Nitzan, a pandemia “implica interdependência de setores”, tem um “desenvolvimento não-linear” que implica “usar o conhecimento científico em constante evolução” e demonstrou a “capacidade de resiliência e as vulnerabilidades de cada sociedade”.
Já o diretor do Departamento de Água e Clima dos Países Baixos, Philip Ward, admitiu que “nunca tinha pensado em questões de saúde como ligadas aos riscos naturais até à pandemia de covid-19”, alertando para a necessidade de “olhar para isto como uma questão sistémica”.
Presente no evento, o diretor do Programa Ambiental das Nações, Bruno Pozzi, recordou que, no que diz respeito ao ambiente, “diz-se que há várias crises e que todas estão ligadas – todas são causadas por um padrão de consumo e de produção insustentável”. O especialista lembrou também que “há centenas de potenciais ‘covids’ na natureza” e, “se se continuar esta relação com a natureza, vai haver mais pandemias”.
Para mitigar o problema, “é preciso tomar medidas a todos os níveis de governança, depressa e com compromisso”, num caminho para a descarbonização.
“A recuperação da pandemia é a melhor oportunidade para mobilizar a economia para atuar sobre as alterações climáticas. recuperar da pandemia, mas atacar as alterações climáticas, construindo melhor e investindo em formas mais verdes de produzir e consumir”, defendeu Pozzi.
O fórum europeu conta com a participação do Comité das Regiões. A sua representante Joke Schauvliege, advogou, esta quinta-feira, a necessidade de “melhor preparação a todos os níveis de governança”, mencionando a importância da legislação comunitária e de uma maior cooperação entre as autoridades locais na resposta a riscos.
De Israel, o professor Salman Zarca, ‘Czar da covid-19’ nesse país, referiu que esta “é uma questão global e ninguém pode ganhar as suas próprias batalhas, é preciso partilhar e trabalhar em conjunto para sair desta pandemia”.
“A pandemia revelou múltiplas vulnerabilidades no sistema global e a perceção de um risco sistémico é muito importante para minimizar os riscos das próximas vagas, mas também de outras pandemias e riscos globais”, sublinhou, salientando que em Israel, “a principal arma foram as vacinas”.
O Fórum Europeu para Redução de Riscos de Catástrofes junta representantes de mais de 50 países. A edição deste ano é organizada pelo Governo português e pelo Gabinete das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Catástrofes, em parceria com a Comissão Europeia e com o Conselho da Europa.