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Portugal não alcançou qualquer meta para os resíduos urbanos em 2020

08 nov, 2021 - 20:29 • Lusa

Cada português produziu 512 quilos de resíduos, um valor acima da média europeia. As metas estabelecidas para 2020 estavam nos 410 quilos por ano/habitante.

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Portugal não alcançou em 2020 nenhuma meta preconizada no Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020), diz o relatório anual dos resíduos urbanos sobre o ano passado, divulgado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Em 2020, indica o documento, os portugueses produziram mais resíduos, esses resíduos foram mais para aterro, e não se chegou nem perto das metas de reciclagem.

Ao afirmar que nenhuma das metas foi alcançada, a APA salienta que o não cumprimento das metas, “em particular da meta de preparação para a reutilização e reciclagem, impõe a Portugal um esforço ainda maior para alcançar as novas e ambiciosas metas definidas pela Comissão Europeia na nova Diretiva Quadro dos Resíduos (DQR) recentemente transposta para legislação nacional”.

O Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU) 2020 estabelece metas nomeadamente de deposição de resíduos em aterro, de preparação para reutilização e reciclagem de resíduos urbanos, de reciclagem de embalagens e de redução do plástico.

No relatório, publicado na página oficial da APA, lembra-se que o ano passado foi atípico, devido à pandemia de covid-19. Mas a produção de resíduos urbanos foi de 5,2 milhões de toneladas, um valor idêntico ao de 2019, pelo que a pandemia não teve impacto.

No ano passado, do total de resíduos, em Portugal continental 41% foi para aterro, 21% para tratamento mecânico e biológico, 19% para valorização energética, 12% para valorização material, 05% para tratamento mecânico e 02% para valorização orgânica.

O encaminhamento direto para aterro representou em 2019 33%, pelo que houve no ano passado um aumento de 08%.

Outros números do relatório indicam que, no ano passado e no continente, cada português produziu 512 quilos de resíduos, um valor acima da média europeia, o que corresponde a 1,4 quilos por dia (o mesmo valor caso se junte a produção nas regiões autónomas). As metas estabelecidas para 2020 estavam nos 410 quilos por ano/habitante.

Na meta nacional de deposição de resíduos urbanos biodegradáveis em aterro devia haver uma redução para 35% face a números de 1995. Tal equivalia a depositar em aterro no máximo 788.452 toneladas, mas foram depositadas 1.187.426 toneladas.

Na meta de preparação para reutilização e reciclagem de resíduos urbanos, de acordo com uma diretiva europeia, em 2020 teria de haver uma taxa de reciclagem de 50% (incluindo o papel, o cartão, o plástico, o vidro, o metal, a madeira e os resíduos urbanos biodegradáveis) mas foi de apenas de 38%. E nas retomas de recolha seletiva a meta também não foi atingida.

O PERSU 2020 também estabelece metas para os sistemas de gestão de resíduos urbanos, com alguns desses sistemas a cumprirem algumas das metas. Mas de acordo com o relatório da APA se forem tidos em conta os dados gerais juntando os vários sistemas nenhuma meta foi atingida.

A APA fala de contingências relacionadas com a pandemia de covid-19, que levaram a baixas taxas de recolha seletiva e muito material reciclável na recolha indiferenciada, diz que é preciso uma forte sensibilização dos cidadãos para a recolha seletiva de biorresíduos, e alerta que “a maioria dos quantitativos das frações recicláveis encontra-se ainda na recolha indiferenciada”.

“O potencial de reciclagem de material recolhido através da seletiva é muito superior ao da recolha através da indiferenciada, e só através do seu significativo aumento poderá o país cumprir metas e evoluir rumo a uma economia circular. Não só se verifica a necessidade de reforço de campanhas de sensibilização junto das populações, como a forma de comunicação junto das mesmas deverá ser eventualmente reequacionada”, diz a APA no relatório.

Entre outras sugestões a APA defende que aumentem as penalizações económico-financeiras relativas ao “encaminhamento de resíduos para as opções menos nobres da hierarquia de resíduos”.

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  • Paulo Cerqueira
    09 nov, 2021 1900-113 Lisboa 19:08
    Existem ou existiam nas empresas de selecção de resíduos urbanos maquinaria com tapete rolante e um ou dois funcionários a ajudar a selecção de resíduos orgânicos e não orgânicos tais como os metais, vidros, cartões e papéis e ainda plásticos sem nenhuma razão (pelo menos para mim) para ter deixado de funcionar! Para além disso, os contentores diferenciados que existem em Lisboa ou estão em mal estado ou pouco acessíveis a pessoas de idade avançada (a maior parta da população) sem forças para andar quilómetros até os ditos contentores!! Pior do que isso é, depois de a muito custo ter alcançado o objectivo (o contentor) ver que na manhã seguinte os funcionários da CML a despejar tudo junto no mesmo camião com a justificação "este lixo está todo contaminado" palavras ditas textualmente da boca deu um dos funcionários!!! No que diz respeito a penalizações (mais uma?) o que me dizem a penalizar as empresas de reciclagem e aplicar coimas avultadas às grandes superfícies que utilizam os plásticos por cima de outros plásticos sem nenhuma sensibilidade aos problemas ambientais?? Nós já pagamos taxas sobre taxas (nos recibos da EPAL) sobre a higiene urbana e se as ruas não são lavadas (a não ser quando chove) em que "contentor" eles colocam o dinheiro das taxas e outras penalizações...?

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