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Novo reitor da Universidade de Lisboa quer rejuvenescer corpo docente e mais alunos de excelência

12 out, 2021 - 11:20 • Fátima Casanova

Luís Ferreira toma posse esta tarde, numa cerimónia na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. E traz muitos planos para a universidade.

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Professor catedrático da Faculdade de Medicina Veterinária, Luís Ferreira foi eleito reitor da maior universidade portuguesa. Sucede no cargo a António Cruz Serra, de quem era vice-reitor desde 2015.

As prioridades já estão definidas e uma delas passa por rejuvenescer o corpo docente. Luís Ferreira admite que uma grande preocupação “é o envelhecimento do corpo docente ao mesmo tempo que há investigadores e funcionários com contratos precários”. Para Luís Ferreira, é a consequência de “uma política que vem sendo desenvolvida ao longo de 20, 25 anos, que tem a ver com o impacto orçamental das últimas crises, com os subsídios à contratação de bolseiros e com as verbas da União Europeia, que por sua vez não pagam vencimentos”.

O novo reitor considera, por isso, que esta “é uma forma simples de manter aqui bolseiros de ‘pós doc’ durante muito tempo sem lhes dar uma garantia de estabilidade no seu trabalho”.

Luís Ferreira não poupa nas palavras para assumir que “esta precariedade é uma coisa que nos preocupa muito” e garante que vai “lutar acerrimamente contra ela”.

Acrescenta que a UL tem “jovens precários e ao mesmo tempo um envelhecimento insustentável do corpo docente” e, portanto, garante que quer “encontrar formas de abrir concursos para que estes jovens muito promissores e altamente qualificados, possam entrar na carreira docente e de investigação da nossa universidade”.

Abrir mais vagas para alunos de excelência

Luís Ferreira explica, que através do programa “Impulso Jovem” espera duplicar o número de estudantes naqueles cursos em que há muita procura e onde, admite que se sente “algo envergonhado”, por alguém com média de 18 não entrar no curso escolhido.

O novo reitor assume que “custa a aceitar como é que estudantes com tanta vontade, com tanto trabalho e com tanto talento e que conseguem ter notas tão altas, como um 18 e depois não conseguem entrar num curso de Aeroespacial ou de Engenheira Física e Tecnológica”.

Mas a sua preocupação não se fica só por estes dois cursos – Luís Ferreira quer aproveitar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para aumentar o número de vagas também de Engenheira Biomédica, Design de Comunicação, Arte e Multimédia, Computadores e Sistemas de Informação, Matemática Aplicada à Economia e Gestão, “são cursos em que a nota mais baixa de entrada é superior a 17 valores e o número de candidaturas chega a ser cinco vezes mais do que aqueles que entram”.

Apostar na construção de residências universitárias

O novo reitor da UL admite que está bastante preocupado com “as residências universitárias e aquilo que o PRR pode vir a ajudar relativamente à construção dessas residências”.

Luís Ferreira assume que tem estado a diminuir “o espaço para os nossos estudantes e esse espaço é vital”.

Agora com o dinheiro do PRR, Luís Ferreira está “muito esperançoso” que possam ser construídas residências universitárias, mas está preocupado, porque falta ainda clarificar o que pode ser feito e, se o Governo se atrasar, “as universidades podem não chegar a tempo de utilizar esse dinheiro”.

Ensino superior com subfinanciamento crónico

Neste momento, o financiamento da UL está 30% abaixo do que do que era praticado em 2009, diz Luís Ferreira, que fala em “subfinanciamento crónico” que obrigou a cortes e a “ajustes nas despesas, incluindo no número de docentes que estão a lecionar”.

O novo reitor explica que a UL atingiu o número mais baixo em 2015, mas já está a subir. A Universidade tem estado a “fazer 80 a 90 contratações por ano, mas era preciso fazer mais para repor o número de 2009”.

Aumentam receios quanto ao abandono escolar

Numa altura em que muitas famílias são confrontadas com o fim das moratórias no crédito à habitação e com o esforço financeiro que isso acarreta, Luís Ferreira admite que “o sentimento é de temor, não há dúvida nenhuma, mas a UL está preparada para ajudar na medida em que a lei o permita, todos esses estudantes”, que atravessem dificuldades financeiras.

Para já, diz que não há “sinais de alarme de abandono escolar, mas isso não significa que possa vir a ocorrer muito brevemente”.

Luís ferreira garante que vai estar muito atento a isso.

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