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É "muito pouco provável" que as cinzas do vulcão das Canárias afetem a Madeira

20 set, 2021 - 17:02 • Lusa

"Era preciso que houvesse uma densidade significativa de cinzas" e que "as cinzas que estão neste momento sobre a região do vulcão conseguissem penetrar" em níveis de altitude muito altos, explica o IPMA. Entretanto, a Madeira ofereceu ajuda às Canárias.

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As cinzas do vulcão em erupção nas Canárias (Espanha) muito dificilmente afetarão a Madeira, pelo menos nos próximos dias, afirma a meteorologista Maria João Frade, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

"Em termos do que se prevê para o arquipélago da Madeira nos próximos dias, será muito pouco provável – não é impossível, mas é muito pouco provável – que as cinzas vulcânicas que estão neste momento sobre a região das Canárias tenham impacto no arquipélago da Madeira", disse à agência Lusa.

A meteorologista explicou que a previsão para a Madeira para os próximos dias é de vento norte ou nordeste e, uma vez que as Canárias ficam a sul da Madeira, "não é provável" que cheguem cinzas vulcânicas às ilhas portuguesas, situadas a menos de 500 quilómetros de La Palma, a ilha espanhola onde está o vulcão que entrou em erupção no domingo.

Esta previsão para a Madeira deve-se a um anticiclone que está localizado a noroeste da Península Ibérica e que é "relativamente intenso" e "também relativamente estacionário". "Pelo menos até dia 23 ou 24, esse anticiclone vai estar posicionado a noroeste da Península Ibérica", acrescentou Maria João Frade.

"Portanto, não é provável que tenha impacto de facto na Madeira, a não ser que haja uma mudança muito significativa destas previsões. O mais provável é que tenha impacto nenhum", reiterou.

Segundo a meteorologista, na quarta-feira, ao final do dia, "e mesmo no início de quinta-feira, dia 23, há uma possibilidade de se aproximar uma depressão, mas isto é apenas a muita altitude, nos níveis muito altos", que tem "uma componente de su-sudoeste". Mesmo assim, continuará a ser "muito pouco provável" algum efeito na Madeira.

Para que as cinzas vulcânicas das Canárias chegassem à Madeira ou fossem empurradas neste sentido, "era preciso que houvesse uma densidade significativa de cinzas nessa altura, era preciso que as cinzas que estão neste momento sobre a região do vulcão conseguissem penetrar até estes níveis tão altos e que o vulcão provavelmente continuasse em erupção", explicou Maria João Frade.

"Há aqui uma série de fatores, é uma conjuntura que era necessária para que apenas com uma componente de sul nos níveis altos da atmosfera as cinzas pudessem chegar à Madeira. Portanto, é muito, muito, pouco provável", sublinhou a meteorologista.

"No entanto, é evidente que o IPMA acompanha a situação, acompanha as previsões", realçou.

Governo da Madeira disponível para apoiar Canárias

O presidente do Governo Regional da Madeira manifestou nesta segunda-feira disponibilidade para apoiar as Canárias no que for necessário.

Miguel Albuquerque escreveu ao seu homólogo das Canárias, Ángel Victor Torres, "a mostrar a sua total solidariedade e a do seu executivo face à atividade eruptiva na ilha de La Palma", lê-se num comunicado enviado à imprensa.

Miguel Albuquerque salienta, na carta dirigida ao presidente do Governo das Canárias, que tem acompanhado os esforços desenvolvidos pelo executivo de Ángel Torres "para minimizar o mais possível os danos junto dos residentes no território afetado".

Manifestou-se também disponível para apoiar as Canárias "na medida do que for considerado necessário e adequado", colocando ao dispor das autoridades canarianas "vários recursos madeirenses no quadro da Proteção Civil, entre os quais uma brigada para Busca e Resgate em Montanha, serviços de emergência médica pré-hospitalar altamente diferenciada e uma brigada helitransportada".

O vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, entrou no domingo em erupção na zona de Las Manchas, depois de mais de uma semana em que foram registados milhares de sismos na região.

Na zona, próxima de Las Manchas, é visível uma enorme coluna de material vulcânico, divulgou a agência noticiosa Efe.

Nesta segunda-feira, foi avançado que cerca de uma centena de casas foram destruídas pela lava do vulcão, que continua a correr em direção ao mar na ilha de La Palma das Canárias (Espanha), mas não há vítimas depois de as autoridades terem retirado mais de 5.000 pessoas.

O primeiro-ministro português enviou, no domingo à noite, uma mensagem de solidariedade ao seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez, na sequência da erupção do vulcão Cumbre Vieja nas Canárias e manifestou a disponibilidade de Portugal para fornecer apoio.

O vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma (Canárias), entrou em erupção no domingo e as autoridades preveem retirar das zonas mais expostas entre 5.000 e 10.000 pessoas.

La Palma, com 85 mil habitantes, é uma das oito ilhas do arquipélago das Canárias e encontra-se a 460 quilómetros da ilha portuguesa da Madeira.

A anterior erupção em La Palma ocorreu em 1971, em Teneguía, no sul da ilha, e durou 24 dias.

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