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Centro Nacional de Cibersegurança: utilizadores devem ler "efetivamente" opções dadas pelos "cookies"

18 jul, 2021 - 10:12 • Lusa

Os "cookies", ao recolherem informação sobre o utilizador -- as suas características, o que faz no "site" visitado -- podem ajudar a que o "website" adapte um determinado tipo de conteúdos àquela pessoa.

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O responsável do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) Pedro Mendonça aconselha os utilizadores a lerem "efetivamente" as opções disponibilizadas pelos "cookies", em vez de "aceitarem cegamente", e defendeu que os "sites" "devem ser mais transparentes" nesta matéria. .

Os denominados "cookies" são uma espécie de códigos de "software" que são armazenados no computador através do navegador ("browser") e que retém informação relacionada com as preferências do utilizador.

"O que aconselho [às pessoas] é que leiam efetivamente as opções, em vez de aceitarem cegamente, e quaisquer que sejam as opções que façam relativamente a disponibilizar informações para fins comerciais, por exemplo", que tal seja feito em "sites" "que considerem ser minimamente fiáveis, "websites" reconhecidos, de entidades fidedignas", salienta Pedro Mendonça, que coordena o Observatório de Cibersegurança e trabalha no departamento de desenvolvimento e inovação do CNCS.

Acrescenta ainda que os ""websites" devem ser mais transparentes" na informação que disponibilizam aos utilizadores no âmbito dos "cookies".

Os "cookies" "são um instrumento normal na utilização da Internet, são uma espécie de informação que é recolhida relativamente a cada um dos utilizadores dos "websites" para que" estes "funcionem de uma forma supostamente mais eficaz, mais rápida, mais útil, antecipando cada vez que nós voltemos" ao "site" "a informação que foi recolhida antes", explica.

Existem vários tipos de "cookies", uns "são mais orientados para o funcionamento pura e simplesmente prático do "website" e outros "procuram recolher informação para fins comerciais ou para que haja depois -- na consulta ao "site" -- uma apresentação mais orientada às características do utilizador", refere Pedro Mendonça.

Em suma, os "cookies", ao recolherem informação sobre o utilizador -- as suas características, o que faz no "site" visitado -- podem ajudar a que o "website" adapte um determinado tipo de conteúdos àquela pessoa.

"O que acontece é que muitas vezes as pessoas não atuam conscientemente em relação a esta realidade" e esta, como outras, "pode ser sujeita a abusos, mas ela em si é uma realidade que faz parte do funcionamento da Internet", salienta o responsável do CNCS.

Pedro Mendonça sublinha que as pessoas, "muitas vezes", aceitam que determinados "cookies" estejam presentes nos seus dispositivos depois de visitarem determinados "sites" "sem terem consciência que estão a disponibilizar informação para fins comerciais".

Isso acontece por "falta de informação e de consciência sobre os comportamentos" que se tem "online" e isso pode resultar em algum nível de ameaça, uma vez que há "sites" que são mais confiáveis do que outros.

Os utilizadores, diz, deveriam refletir sobre o que estão a autorizar, ler que tipo de "cookies" querem autorizar ou não.

"As pessoas devem ler e tomar as suas opções, há uma escolha individual", pois "quanto mais deixarmos que os nossos dados sejam utilizados, mais expostos ficamos a essa utilização", prossegue.

No fundo, trata-se de uma "escolha individual" permitir que um "site" utilize a informação relativamente à navegação ou para fins comerciais.

"É uma escolha que eu tenho de fazer, sabendo que ao disponibilizar determinada informação ela pode ser utilizada eventualmente, ou não, de forma abusiva", salienta.

Por exemplo, se os dados pessoais de um utilizador estão guardados numa determinada entidade através de "cookies", se esta entidade sofrer um ataque de violação dados, estes podem ser expostos.

"Há muita iliteracia digital" e também "acho que há uma responsabilidade dos "websites"", considera.

"Muitas vezes, o que acontece é que há "websites" que fazem a pergunta ao utilizador relativamente aos "cookies", mas não apresentam de forma clara a hipótese de ele apenas aceitar os "cookies essenciais para o funcionamento" do "site", rejeitando os que têm fins comerciais.

Acontece que até em alguns casos, diz, há "websites" que por defeito, se o utilizador não toma uma opção, assumem que ele aceita todas as hipóteses.

"Há um misto de escolha individual, literacia digital, sem dúvida, e também responsabilidade por parte dos "websites" de cumprirem com a lei e serem transparentes", sublinha Pedro Mendonça.

E como é que uma pessoa gere os "cookies" no seu dispositivo? Tal pode ser feito através dos "browsers" -- como o Google Chrome, por exemplo -- que no menu permitem a gestão dos conteúdos, entre os quais apagá-los ou bloquear.

Os "cookies" são "uma questão muito própria da privacidade e da proteção de dados", mas que também tem ligação à cibersegurança.

Até prova em contrário, diz, "os "cookies" são um dispositivo técnico que favorece a usabilidade da Internet e favorece também a necessidade que as plataformas têm de conhecer o seu público", da mesma maneira que se fazem estudos de mercado.

No início deste mês, a presidente da CNPD afirmou que a entidade vai emitir orientações sobre o tratamento de dados nos "sites", onde se incluem as questões relacionadas com a utilização de "cookies".

A questão dos "cookies" está na ordem do dia depois de o Expresso ter noticiado que os principais endereços do Sistema Nacional de Saúde (SNS) têm disponibilizado dados dos cidadãos para exploração comercial da Google e de outras marcas ligadas à publicidade, referindo que, além de dados de tráfego, como os que são recolhidos pelo serviço Google Analytics, os endereços SNS24.pt e SNS.gov.pt recolhem dados para campanhas publicitárias através do serviço Doubleclick.

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