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Investigadores de Coimbra preparam atletas para o ‘stress’ térmico nos Jogos Olímpicos

18 jun, 2021 - 12:30 • Olímpia Mairos

A preparação é realizada em câmara térmica onde os atletas são submetidos às mesmas condições climáticas e aos mesmos indicadores de stress térmico do local onde vão realizar as competições.

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Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), liderada pelo fisiologista Amândio Santos, está a “realizar um conjunto de estudos e testes com vários atletas”, de diferentes modalidades, que vão participar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que têm início em 23 de julho.

De acordo com o comunicado enviado à Renascença, estão a ser fornecidos aos atletas “instrumentos que permitam um melhor desempenho desportivo na competição”.

Em laboratório específico da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, estão a ser treinados vários atletas: as maratonistas Salomé Rocha, Sara Moreira e Sara Catarina Ribeiro, os marchadores João Vieira e Ana Cabecinha, os ciclistas Nelson Oliveira e João Almeida, os remadores Pedro Fraga e Afonso Costa, e o skater Gustavo Ribeiro.

Para além dos nacionais, estão a treinar também na Universidade de Coimbra os atletas da Seleção francesa de marcha, Yohann Diniz e Kevin Campion.

Segundo o coordenador da equipa, Amândio Santos, a preparação é realizada numa “câmara térmica onde os atletas são submetidos às mesmas condições climáticas e aos mesmos indicadores de stress térmico (Wet Bulb Globe Temperature - WBGT) do local onde vão realizar as competições”.

Durante vários dias, “os atletas desenvolvem ações próprias das suas modalidades e estão em constante monitorização”, explica o profissional, assinalando que “as condições adversas provocam respostas exageradas e, muitas vezes, desajustadas de todo o nosso metabolismo, fazendo com que ele diminua drasticamente a sua eficiência e altere completamente os mecanismos de termorregulação”.

Para se conseguir uma monitorização completa, são estudados muitos parâmetros durante os exercícios, “desde o consumo de oxigénio, avaliação da temperatura cutânea e central, perda de líquidos, concentrações de lactato sanguíneo, perda de volume plasmático, frequência cardíaca, entre muitos outros parâmetros sanguíneos”, detalha.

Atletas são expostos a condições climáticas extremas

Na prática, os treinos desenvolvidos no laboratório da ADAI ensinam o organismo a reagir às adversidades, fornecendo estratégias para uma melhor adaptação às condições que os atletas vão encontrar em Tóquio.

“Os atletas são expostos a condições climáticas extremas para as quais o nosso organismo não tem uma resposta adequada”, afirma o também docente da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC, explicando que “essa exposição permite estudar e definir um processo de aprendizagem progressivo” para que a “resposta seja cada vez mais eficiente e ajustada, diminuído assim o impacto destas condições extremas na performance do atleta”.

“A importância deste trabalho vai para além do desempenho físico do atleta, uma vez que tem uma importância determinante na salvaguarda da integridade física dos atletas”, realça Amândio Santos.

No caso do Skate, modalidade em estreia nos Jogos Olímpicos, a equipa da UC teve mesmo que efetuar algumas alterações no laboratório para treinar Gustavo Ribeiro.

“Foi necessário criar uma pista própria de treino dentro da câmara para que o atleta pudesse realizar as suas manobras de preparação. Para além dos dados da aclimatação, foi importante testar os equipamentos mais adequados para este tipo de condições. No mais alto nível competitivo todos os pormenores são importantes”, conclui o fisiologista.

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