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Educação

Petição por manuais escolares gratuitos no privado reúne mais de 11 mil assinaturas

14 jun, 2021 - 07:20 • Redação com Lusa

O documento de associações de pais do ensino particular e cooperativo é entregue nesta segunda-feira no Parlamento. Pais dizem que atual diploma sobre gratuitidade dos manuais "não respeita o princípio da equidade".

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Com 11.473 assinaturas, é entregue nesta segunda-feira no Parlamento uma petição pública pelo alargamento da gratuitidade dos manuais escolares a todos os alunos do ensino obrigatório, passando a incluir o setor privado.

O documento é entregue ao vice-presidente da Assembleia da República Fernando Negrão, para que seja debatido em plenário.

Em declarações à Renascença, o porta-voz do grupo de mais de uma dezena de associações, João Almeida, petição. “Vinte por cento dos alunos estudam foram do ensino público, por isso, acreditamos que isto é uma questão transversal à sociedade”.

“Sentimos que é uma total injustiça e discriminação que estamos a ser alvo. Face à lei que foi passada na Assembleia da República, julgamos que esta medida deve ser estendida a todo o sistema de ensino”, sublinha.

Dezenas de associações de pais e encarregados de educação do país pedem a alteração do diploma que veio estabelecer a gratuitidade dos manuais no ensino obrigatório por considerarem que "não respeita o princípio da equidade, ao excluir os estudantes das instituições privadas ou cooperativas".

"Queremos que, em Portugal, existam em todos os ciclos do ensino obrigatório da escola pública, privada e cooperativa, manuais escolares gratuitos. Acreditamos que só assim será respeitada a lei fundamental do país", lê-se no abaixo-assinado.

O Ministério da Educação iniciou, no anterior mandato, um programa gradual de distribuição gratuita dos manuais, que começou pelos alunos mais novos e atualmente abrange todos os ciclos de ensino das escolas públicas.

A petição pública, levada a cabo por associações de pais do ensino privado e cooperativo de todo o país, critica o "tratamento diferenciado de agregados familiares apenas pela escolha do estabelecimento de ensino para os seus educandos".

Em declarações à Lusa, uma representante do movimento nacional de associações de pais lembrou que quase 20% do total de alunos em Portugal frequenta o ensino particular e cooperativo.

Estes alunos estudavam com manuais pagos pelos encarregados de educação enquanto no ensino público, desde 2018, os manuais são pagos pelo Estado: "A petição quer saber porquê e exigir igualdade de tratamento dos cidadãos", sublinhou.

"Se a medida fosse anexada ao rendimento das famílias, então tudo bem. Agora diferenciar porque frequentam o ensino público ou o público, não nos parece correto", explicou.

Em 2018, o Parlamento discutiu no âmbito do Orçamento do Estado para 2019 uma proposta do CDS-PP que estendia a medida a todos os alunos que frequentem a escolaridade obrigatória, incluindo os dos colégios particulares.

Na altura, a iniciativa foi chumbada pela maioria de esquerda, tendo apenas conseguido os votos favoráveis do PSD e do CDS-PP.

Uma outra proposta, do PSD, utilizava o rendimento das famílias como critério, prevendo que os manuais fossem gratuitos para todos os alunos de agregados familiares brutos anuais inferiores a 40 mil euros, mas também foi chumbada.

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  • José J C Cruz Pinto
    14 jun, 2021 ILHAVO 11:43
    Muito bem! Então, proceda-se à indexação da medida ao rendimento das famílias, ou então ... tornem-se os manuais efectivamente gratuitos para todos os encarregados de educação no caso das escolas com "contrato de associação" (salvo erro nesta última designação), mas reduza-se o seu custo ao financiamento contratualmente previsto do Estado a esse ensino privado, mantendo assim inalterado (sem prejuízo de revisões futuras, obviamente) o apoio considerado justo e adequado.

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